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Centro de Educação Infantil não parou de funcionar

O Centro de Educação Infantil (CEI) Aníbal Ajita, que atende exclusivamente filhos de funcionários da Santa Casa de Paranavaí, é a única instituição do gênero na cidade que não fechou suas portas durante a pandemia do novo coronavírus, a Covid-19. A medida foi adotada para permitir que os pais pudessem continuar atuando na linha de frente no atendimento aos pacientes do Sars–CoV–2, o causador da pandemia.
Para a gerente assistencial do hospital, Marily Vasconcelos Gomes, o funcionamento do CEI neste período foi “muito importante”, porque enquanto vários serviços foram paralisados ou diminuíram o ritmo, na Santa Casa as atividades foram intensificadas. Ela explica que “o trabalho no hospital não parou um segundo sequer” por conta dos pacientes do coronavírus e porque “as outras doenças não deixaram de existir nesse período, demandaram e demandam atendimentos na saúde e no serviço hospitalar”.
“Esses profissionais necessitavam estar integralmente dedicados as suas funções, tranquilos de que seus filhos também estivessem acompanhados e seguros enquanto travavam uma luta interna do hospital”, sentenciou Marily.
A Creche da Santa Casa, como é popularmente o CEI Aníbal Ajita tem 53 crianças matriculadas e a maioria é formada por filhos de enfermeiros, técnicos de enfermagem e pessoal da limpeza, justamente o maior número de trabalhadores que está na linha de frente no combate ao coronavírus.

Logo que a pandemia chegou ao país, em fevereiro, foi ventilado o fechamento das escolas. Pouco se sabia sobre a doença até então. Uma das poucas informações na época era de que a Covid tinha um impacto maior sobre as pessoas acima de 60 anos.
A diretora e coordenadora pedagógica do CEI, Michelle Golim, conta que, se a instituição fechasse como as demais, a alternativa da maioria dos pais dos alunos seria deixar os filhos com os avós, justamente o grupo de risco. E por isso havia resistência nesta opção.
“Conversamos muito na época e foi decidido manter as atividades do Centro”, recorda ela. Para manter o CEI com as portas abertas, a coordenação contou com o apoio da Gerência Assistencial, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que elaborou o protocolo de proteção às crianças e a assessoria jurídica do hospital, que fundamentou o pedido e conseguiu autorização do município para continuar funcionando durante a pandemia.
“Foi de grande valia a compreensão do COE Municipal, que entendeu a peculiaridade deste serviço destinado aos filhos dos funcionários, que não podiam recuar frente a pandemia, e apoiaram a manutenção do atendimento do Centro de Educação Infantil às crianças”, sublinha Marily Vasconcelos. COE é o comitê que avalia e avaliza as ações de prevenção e combate a pandemia no âmbito do município e deu respaldo para o decreto autorizando o funcionamento da escola.
PÂNICO – Nos primeiros quinze dias poucos pais se arriscaram a mandar os filhos para o Centro. A maioria, como de resto da população, ainda estava em pânico com a pandemia e não sabia como agir. “Nós aqui também tivemos dificuldades. Havia um clima de medo. Fizemos uma reunião com os pais e alguns choraram por causa da situação”, lembra Golim.
Com o apoio da CCIH, a escola adotou protocolos de segurança, como o tapete com hipoclorito de sódio, uso de máscaras pelos profissionais, permissão para apenas as crianças e funcionários entrarem na escola, aferição de temperatura das crianças diariamente e o afastamento imediato das que apresentarem sintomas como febre, tosse ou coriza. Caso os pais entrem para o grupo de suspeito e for afastado do hospital, a criança também é afastada da creche. “Com relação a higienização, nós já tínhamos protocolos rígidos e agora só foi reforçado”, rela Michelle.
Das 53 crianças matriculadas, 16 ficam em tempo integral no CEI e os demais ficam das 7 às 13 ou das 13 às 19 horas (conforme o horário dos pais no hospital). A maioria já retornou à atividade, mas ainda têm quem esteja recebendo aulas remotas. A equipe do Centro prepara as atividades e os pais levam para as crianças. Quando o aluno está fazendo a atividade, os pais fotografam a mandam o registro para a escola, conta a diretora.
Michelle Golim lamenta que a pandemia tenha tido um impacto grande na vida das crianças “Elas perdem em conhecimento e na interação, que é muito importante para o desenvolvimento da criança”, diz a pedagoga.
O CEI Aníbal Ajita completou dois anos de atividade no dia 5 deste mês. Para o diretor-geral da Santa Casa, Héracles Alencar Arrais, a escola, na prática, beneficia toda a cidade, pois libera mais de 50 vagas nas instituições públicas do município. “E agora o Centro Anibal Ajita prestou um grande serviço para toda a região, pois viabilizou que dezenas de profissionais pudessem continuar na linha de frente no hospital, que atende pacientes de 28 municípios”, comentou ele.