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Paranavaí foi capital do Paraná e o DN marcava presença para fazer história

ADÃO RIBEIRO
A edição do final da década de 1960 cita como legado do Governo Paulo Pimentel o asfaltamento do trecho Paranavaí/Maringá da BR-376
“Nossa cidade recebe hoje, oficialmente, um homem do interior, que habita a cidade e investido de poder, usa-o promovendo o bem-estar do povo”. Assim, o Diário do Noroeste, edição número 3.199 de 22 de agosto de 1969, vivendo o seu 14º ano de existência, anunciava na manchete a visita do então governador Paulo Pimentel para instalação do Governo em Paranavaí por dois dias.

Hoje, marcando a edição 18.610 e o seu novo momento, o DN abre uma série de matérias de resgate histórico que visa a comemorar os 65 anos (o DN foi inaugurado no dia 23 de outubro de 1955). Escolhida para a abertura dessa sequência, a instalação do Governo do Estado em Paranavaí, fato que neste sábado de baixas temperaturas completa 51 anos.
Embora importante, não foi um acontecimento inédito, pois a cidade havia sido capital por quatro dias a partir de 25 de agosto de 1960. Há registros ainda de pelo menos outras duas oportunidades, já a partir da década de 1990.
Como o propósito é resgate histórico, o DN vai, a partir das suas páginas, traçar um paralelo com o tempo presente e eventualmente projetar o futuro.

FATOS – Carregada de simbolismo, a edição de 22 de agosto de 1969 apresenta temas recorrentes em todo o Noroeste até por conta das características do solo arenoso: as erosões urbanas e rurais, além da necessidade de construção e manutenção da malha asfáltica.

Não por acaso, a edição do final da década de 1960 cita como legado do Governo Paulo Pimentel para a população o asfaltamento do trecho Paranavaí/Maringá da BR-376, uma conquista sem precedentes até então. A importante via foi duplicada até Paranavaí recentemente, com a obra concluída há cerca de dois anos.
Também destaca um grande volume de pavimentação no perímetro urbano. Os governos Estadual e Municipal confirmavam a construção de 25 mil metros quadrados de asfalto e a pretensão de chegar a 200 mil metros até o fim do mandato de Pimentel, encerrado em 1971.
Outro dado relevante em termos de qualidade de vida citado na matéria foi a assinatura do convênio entre a Prefeitura e a Sanepar para canalização e tratamento da água do Ribeirão Arraras, até hoje uma das fontes de abastecimento da cidade.
DEMOGRAFIA – A edição apontava que a população de Paranavaí era de 72 mil pessoas em 1969. Um olhar sobre os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela momentos de oscilação na densidade demográfica. A população saiu de 22.260 pessoas em 1950 para 63.184 em 1960, um acréscimo de 183,86%.
Mas alguns reveses, como a crise da cafeicultura e a marcante geada negra de 18 de julho de 1975, provocaram redução no número de habitantes. Na década de 1970, a cidade chegou a registrar 57.387 moradores. Um novo avanço significativo aconteceria apenas na década de 1980, quando o IBGE contabilizou 65.290 pessoas. Em 2010 Paranavaí saltou para 81.540 moradores, conforme o Censo Demográfico daquele ano. Estimativa do Instituto de 2019 projetam 88.374 pessoas vivendo em Paranavaí. Novo censo estava previsto para este ano para todo o Brasil, mas acabou adiado para 2021 por causa da pandemia de Covid-19, podendo ser novamente adiado para 2022.
Resgatando a edição histórica de 1969, também Amaporã mereceu destaque naquele dia com a inauguração da rede de distribuição de energia elétrica pelo governador Paulo Pimentel.
REFORMA AGRÁRIA – A acrescentar ainda uma matéria que foi destaque no Caderno Dois, tratando da criação do Grupo Executivo de Reforma Agrária (Gera) para implantação da política de novo modelo fundiário para o país.
No texto é citado o Decreto-Lei 582, do presidente Costa e Silva, que determina uma série de medidas para “a verdadeira reforma agrária”. Tema tão antigo e tão atual, já que a reforma agrária ainda figura na pauta nacional, com maior ou menor intensidade, dependendo das condições políticas vigentes.
PAULO PIMENTEL – O governador Paulo Pimentel tem 92 anos. No último mês de novembro, ele foi homenageado por universidades estaduais em Curitiba, durante evento que marcou o lançamento do livro que conta a sua vida e trajetória, intitulado “Vim, Vi e Venci”.
Por fim, a edição 3.199 é uma das mais de 18 mil fontes de informação produzidas pelo DN em quase 65 anos e disponibilizadas para a população do Noroeste paranaense e, em última análise, para todo o Brasil.

MUNICÍPIO – O governador e a comitiva foram recebidos pelo prefeito Dionísio Assis Dal-Prá, político que marcou sua história em Paranavaí e região, falecido no dia 10 de maio de 2014. Dal-Prá também foi vereador em Alto Paraná (1955/1959) e deputado federal constituinte, mandato 1987/1990. Portanto, ajudou a escrever a Carta Magna vigente, a Constituição Cidadã, como definiu Ulisses Guimarães, presidente da Câmara, falecido em acidente aéreo no dia 12 de outubro de 1992. Aliás, Dal-Prá foi o último deputado federal eleito com domicílio em Paranavaí (a cidade ainda contaria com a representatividade de Flávio Antunes, suplente do PSDB que assumiu uma cadeia na Câmara por curto período em 2011. Antunes faleceu em 18 de dezembro de 2017).
REGIÃO – Muitos municípios da região saudaram o governador, dando a dimensão da importância da visita naquela época. Assinaram as homenagens: Agostinho Stefanello, de Alto Paraná; Gentil Geraldi, Cidade Gaúcha; Armando João Bateloqui, Gauiraçá; Marcos Léo de Almeida Velozzo, Santa Isabel do Ivaí; Oscar Fritche, Paraíso do Norte.
Na condição de sede do Governo, Paranavaí tem nas páginas do jornal uma mensagem e prestação de contas, assinadas por Dionísio Dal-Prá e Mário Costa, presidente da Câmara de Vereadores.