*André Franco
Em um Reino não muito distante, chamado Lusitópia, os ventos da liberdade carregavam consigo nuvens de mudança. Sob um pretexto de democracia, a canhota, detentora do cetro do poder, após aclamação pública por minoria, não se contentava em simplesmente governar, mas acrescentar novas liberdades, reescrevendo as tradições e valores de um povo que, por gerações, prezara pela família, liberdade religiosa e defesa da propriedade.
E por detrás deste emaranhado de poder, mas não tão escondido, estava a Suprema Corte de Lusitópia, um órgão que, com o passar do tempo, havia deixado de ser um mero guardião das leis para tornar-se o verdadeiro árbitro da nação. Seus magistrados, com suas longas e pretas togas e semblantes sérios e preocupados, muitas vezes interferiam descaradamente nos demais poderes, desafiando o equilíbrio que deveria existir entre eles.
No mérito, as decisões da Suprema Corte, ao lado das ações do governo, eram repletas de controvérsias. As ruas de Lusitópia, antes tranquilas, agora eram palco de desenfreadas festas e comemorações, onde substâncias antes proibidas circulavam livremente após a “Lei da Liberdade de Escolha”. E o direito das mulheres sobre seus corpos tornou-se tema de calorosos debates após a “Lei da Autonomia Pessoal”.
Mas foi um peculiar incidente em um banheiro público que colocou lenha na fogueira das tensões políticas. Um banheiro, até então pouco relevante na praça central da principal cidade do Reino, foi invadido e deteriorado. O fato, que poderia ser regularmente investigado como já ocorrerá outrora, no mesmo banheiro, tornou-se um escândalo nacional, quando foi revelado que a cena parecia ter sido praticada por idosos, crianças e outros terroristas.
O governo e a Suprema Corte, vendo ali uma oportunidade, apontaram o dedo para os opositores políticos e alegaram que estes haviam cometido atos antidemocráticos e utilizaram o incidente do banheiro como pretexto para intensificar a perseguição, cassação e até prisão de financiadores do evento destruição.
As vozes da razão, como a do Professor Alarico, titular da Universidade Lusitopicalia, observavam com cautela. “A história nos mostra que a verdade sempre vem à tona. Seja na França revolucionária ou na Itália renascentista, a justiça e a verdade prevalecem”, refletia ele em uma de suas aulas.
Mas, Lusitópia está em sua tempestade. No entanto, como ensinado, após a chuva, vem o arco-íris. E o espírito resiliente de seu povo, aliado à sabedoria das lições do passado, busca tentar enxergar a luz no fim do túnel. Afinal, somente com a verdade e Justiça Lusitópia encontraria seu novo amanhecer.