Dinair Leite
Rosa branca caída
em descanso
airoso e manso
sobre a negra rosa
da sua intimidade.
Rosa branca na verdade
avermelhada pelas pétalas
de sangue manchada
escoando para o ralo
e a vida, já sem vida
do teu ventre
que escolheste esvaziar.
Rosa branca, tingida
de vermelho. Esmaecida
e o seu ventre a vazar
molemente. Água morna
tua essência a levar
para o esgoto, com o ente
que colheste em botão, sem vicejar.
Rosa branca! Está vermelha
De vergonha e tristeza
Contrastando a lividez
De tua face de mulher
Que é só razão.
Com o domínio de teu corpo
um vão saber
se faz em Deus a escolher
quem vai viver e não vê
o quão sombrio pode ser
o tomar na própria mão
o poder, a Criação.