Cibele Chacon e Igor Mateus / Da redação
A 14ª Regional de Saúde de Paranavaí registrou três mortes de crianças devido à Influenza (gripe) em 2024. Elisa Hanely Niehues, de 4 anos, moradora de Paranavaí, faleceu em 11 de julho mesmo com todas as doses da vacina. Ana Beatriz, de 8 anos, de Santa Isabel do Ivaí, morreu em 23 de agosto e não havia sido vacinada. Mirela Carriel Destro, de 1 ano e 3 meses, de Loanda, morreu em 1º de setembro também sem a dose da vacina.
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A enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Patricia Okubo, explica a situação complexa dos casos de H1N1. “Os números são difíceis de determinar com precisão, pois o vírus não é de notificação compulsória a menos que o paciente esteja internado, seja uma gestante ou evolua para óbito. Os exames também são realizados por laboratórios credenciados pelos municípios, e não enviamos amostras para o Laboratório Central do Estado”, afirma Okubo.
Okubo acrescenta que, da amostragem feita na UPA de Paranavaí – que é a unidade sentinela da regional para a coleta de dados – das 22 amostras avaliadas em julho, 10 foram de Influenza A e duas de Influenza B, indicando que esses tipos de vírus estão circulando ativamente na região.
A enfermeira do setor de imunização, Daniele Marini, destaca a importância da vacinação para combater a Influenza. “A campanha de vacinação nacional foi aberta para toda a população no final de maio de 2024. A adesão foi abaixo do esperado. A meta era vacinar 90% da população, mas atingimos apenas 65% de doses aplicadas até o momento”, alerta. Ela também menciona que a 14ª Regional de Saúde está em processo de elaboração de um documento com protocolo para atendimento de sintomáticos respiratórios, buscando evitar que os casos evoluam para formas mais graves.
A situação também tem sido preocupante para os pais, como relata Kátia Hanely, mãe de Elisa Hanely Niehues, que morreu em decorrência da Influenza, apesar da vacinação em dia. “O tratamento começou adequadamente com exames e medicamentos, mas quando Elisa não melhorou, o hospital poderia ter tomado medidas mais incisivas, como a internação e exames mais detalhados. Eu recebi informações de que a pneumonia viral pode não aparecer em Raio-X, e isso precisa ser investigado melhor”.
Kátia recebeu mensagens de que muitos pais têm enfrentado dificuldades em obter diagnósticos e tratamentos adequados após a perda da filha. “Os relatos que recebi após a morte [da filha] é que estão tendo muitos casos parecidos, as gripes estão evoluindo de uma forma muito rápida para pneumonia. Muitos pais preocupados. E, infelizmente, de alguns descasos da parte medica”, disse.
De acordo com Kátia, é importante alertar que não é só uma “gripezinha”. “Tudo mudou pós Covid-19 e as doenças estão evoluindo de maneira muita rápida. Então quanto antes tiver o diagnóstico e começar um tratamento efetivo mais chances de tudo ficar bem”, afirma.
Segundo Walter Sordi Junior, médico veterinário da Divisão de Vigilância em Saúde, os cuidados em relação à Influenza são os mesmos da Covid-19. “Usar máscara, preocupação com higiene, ventilação do ambiente, desinfecção de mesa, maçaneta de porta e outros objetos que tenha contato de mão. Também é importante que as pessoas tenham consciência de quando apresentarem sintomas respiratórios se mantenham isoladas e usando máscaras, mesmo em casa, até que seja resolvido o problema. Tem sempre que procurar o serviço médico e nunca se medicar por conta própria”
Sérgio Ferreira, diretor da 14ª Regional de Saúde, enfatiza a importância da vacinação como principal estratégia de prevenção. “Temos mais de 30 vacinas que são aplicadas gratuitamente em todas as unidades de saúde. Infelizmente, o negacionismo e a resistência à vacinação têm levado ao retorno de doenças que já estavam erradicadas”. Ele reforça que a melhor forma de proteção contra a Influenza e outras doenças é manter a vacinação em dia e seguir as orientações de saúde pública.
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