Não, você não leu errado. É isso mesmo 2 × 5=15.
Calma… sente-se aqui, vou te contar a história da Cida…
Ela era uma menina de uns 10 anos de idade e sempre olhava a avó e a mãe costurando. Faziam roupas de crianças, mulheres e homens. Cida ficava admirando as peças que elas iam prazerosamente confeccionando.
E o tempo foi passando e Cida encaminhou-se para a labuta que o trabalho exigia. Aos 23 anos, casou-se com Valdecir que conhecera na adolescência e sua vida se resumia a trabalhar o dia todo fora e à noite os afazeres domésticos a esperavam. Quando se recolhia, estava exausta e no outro dia, tudo se repetia.
Passado um tempo sua avó materna faleceu e Cida herdou a máquina de costura. Às vezes, sentava para tentar fazer algo, mas o cansaço batia mais alto e desistia. Quando aposentou, pensou que finalmente se dedicaria a costura. Procurou sua mãe que lhe ministrou algumas aulas de como fazer almofadas.
Então, pôs-se a costurar. Era almofada pequena, grande, colorida, com estampas, sem estampas. E presenteava suas amigas e familiares. Quando vendia, não cobrava muito por seu produto e Valdecir zangava-se com isso.
___ Agora não faz mais nada em casa! só costura, costura, e não vejo resultado nenhum!
Com isso Cida entristecia, passava a costurar quando Valdecir não estava em casa. Mas quando chegava via alguma coisa sem fazer e já reclamava.
___ Fica só nessa máquina, olha a louça sem lavar!
Cida, diminuiu o tempo de costura e dedicou-se mais ao lar. Quando terminava o serviço e sentava na máquina, seu esposo logo chegava e encontrava algo que ficara sem fazer e reclamava.
___ Olha o potinho das cachorras, está sem água e você nessa máquina!
Nada do que ela fazia estava bom. Valdecir apenas enxergava o que ela não tinha feito. Se o trabalho da Cida fosse uma tabuada, seria assim. Todos os resultados corretos e apenas 2 × 5=15. Pois era ali que ele fixava, recriminava e a ofendia.
___ De novo nessa máquina?! Para que tanta almofada?
E Cida entristecia cada vez mais, acordava mais cedo para que tudo ficasse perfeito… Mais o 2 × 5=15 estava sempre presente.
Diante desta singela história vemos o quanto algumas pessoas só enxergam o ‘erro’, não são capazes de observar também os acertos, de fazer um elogio, de reconhecer o trabalho do outro.
Ainda hoje, quando vou fazer alguma observação do trabalho de alguém, sempre me lembro do Valdecir. Será que estou olhando apenas o 2 × 5=15?
Que possamos ter sempre essa reflexão para não cometermos injustiça. Cada um tem uma maneira particular de olhar a vida e de expressar-se. O respeito a individualidade é imprescindível em qualquer relação, seja ela amorosa, de amizade ou profissional. As pessoas possuem suas personalidades que foram forjadas ao longo da vida, nos embates diários, nas escolhas e conselhos que guardou no fundo do coração.
Observar apenas o erro nos faz um algoz a sentenciar uma punição. Mas, geralmente não volvemos o olhar para nosso interior. Isso sim, é necessário e saudável. Essa auto analise diária nos faz crescer e amadurecer. Tornando-nos pessoas mais compreensíveis com o suposto `erro` alheio. Que muitas vezes, não há erros, apenas uma maneira diferente de ver e interpretar a vida.
Existem inúmeras Cidas, o importante é não desistir do sonho acalentado. Se é um bom proposito, lute por ele. Não deixe que a opinião alheia menospreze o diamante que está inserido em seu peito, pronto para florescer.
É sua escolha, seu livre arbítrio. Fazer ou não fazer; ser ou abafar no recôndito da alma. Como disse o poeta português Fernando Pessoa “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Portanto, caminhe, lute, ao final quando volver o olhar para sua trajetória, verá que valeu a pena cada passo que trilhou, cada dificuldade que venceu.
E você, como está vendo a vida hoje? Está fixando-se no 2×5=15?!