(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:

DE PAI PARA FILHO

Masculinidade saudável dentro de casa

Cenas como um adolescente fazendo a barba pela primeira vez em um espelho ao lado do pai, ou um homem segurando seu filho em uma bicicleta durante as primeiras pedaladas até soltar e deixá-lo pedalar sozinho, ou mesmo um olhar de orgulho de uma criança em direção ao pai de terno e gravata, são imagens que já povoam a mente do imaginário popular, quando se pensa na “figura” de um pai.

A influência que a relação com os pais exerce nos filhos não é só uma ideia promovida pela indústria de entretenimento, mas uma realidade que impacta diretamente a vida de milhões de crianças em todo o mundo e o comportamento que desenvolverão futuramente. É o que comprova o estudo publicado em 2020 pela revista “Child Development”, que revela que meninos cujos pais participam mais ativamente em suas criações são mais propensos a ter sucesso na escola, a se envolver em atividades extracurriculares e a ter relacionamentos positivos com os pares.

Outra pesquisa, publicada pela revista “Journal of Personality and Social Psychology” em 2019, constatou que os filhos de homens que expressam emoções positivas tendem a ser mais extrovertidos, abertos a novas experiências e resilientes. Entretanto, as crianças criadas por pais que manifestam emoções negativas são mais propensas a desenvolver agressividade, impulsividade e depressão.

“O machismo prega que homens não devem demonstrar sentimentos, que precisam ser viris, dissociando as características masculinas da dimensão emocional dos seres humanos. Isso é um absurdo que já se provou totalmente prejudicial para a criação de uma criança. É necessário pensar em uma masculinidade saudável, que rompe com o modelo normativo de que ‘o homem é o contrário do que se espera da mulher’, e aproximar mais esses valores”, explica Renata Torres, co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão.

Segundo Renata, é uma questão de promover a igualdade também, mas há outros fatores em questão. “É pensar na saúde mental do seu filho, que pode crescer não só com valores que já não são mais condizentes e alguns não mais toleráveis pela sociedade atual, como também afetar seu desenvolvimento de suas habilidades emocionais”, explica.

A fala da especialista é reiterada pela pesquisa “Masculinidade tóxica e saúde mental dos homens no Brasil”, da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o estudo, homens que se identificam com os estereótipos de masculinidade tóxica são mais propensos a sofrer de depressão, ansiedade e até suicídio.

Kaká Rodrigues, também co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão, enfatiza a extrema importância da figura paterna no contexto doméstico. No entanto, Kaká observa que é um desafio para os homens transmitirem esses valores aos filhos.

“Mais do que o machismo, vivemos uma cultura da ‘masculinidade hegemônica’ entranhada na sociedade desde o início dos tempos, que inferioriza a mulher. É esse tipo de pensamento e de atitude que precisa ser enfrentado dentro dos lares, e o principal exemplo para os meninos vem do pai, que, na grande maioria das vezes, teve uma criação dentro desses valores nada saudáveis”, esclarece a especialista.

Kaká enfatiza que o aprendizado deve ser conjunto no ambiente familiar. “Por isso, o homem deve primeiro buscar essa autoconsciência sobre quais das suas atitudes e falas diárias podem ser consideradas tóxicas, informar-se sobre uma masculinidade saudável para, então, poder passar isso para os filhos”, observa Kaká.

“Embora possa parecer um processo complexo à primeira vista, a base de tudo é o respeito, e é sempre importante seguir a premissa de que ‘seres humanos são complexos, são sim racionais e também são seres sencientes’. Esse olhar humaniza a vivência dos homens, ao abrir espaço para que eles possam se conectar e expressar as suas emoções, através da vulnerabilidade que é uma poderosa força de conexão entre pais e filhos.”, conclui Kaká.

Compartilhe: