Nos dias atuais, temos conceitos sobre tudo. Os mais variados, os que se assemelham e os que se mostram totalmente diferenciados.
O filósofo Platão alertava que não há nada pior do que os conceitos, as palavras esvaziadas, pois isso impede a transmissão do conhecimento.
Felicidade é um deles.
O ser feliz de hoje parece desconsiderar todas as boas contribuições do conhecimento que já tivemos nesse sentido.
Bons pensadores, grandes filósofos, almas missionárias nos deixaram legados valiosos.
É ainda Platão quem nos fala da felicidade como resultado de uma vida e um conhecimento progressivo até atingir a ideia do bem.
Para Aristóteles, a felicidade está na virtude, na conquista desses valores do Espírito que nos colocam em contato com nossa essência.
Para Epicteto, outro filósofo, a verdadeira felicidade é um verbo. É o desempenho contínuo, dinâmico e permanente de atos de valor.
Buscando essa vida em expansão, segundo ele, nossa alma amadurece, nossa vida tem utilidade para nós mesmos e para as pessoas que tocamos.
Percebemos que todos eles, embora trazendo nuances distintas, apontam para o caminho de dentro do ser e nunca de fora.
Felicidade não depende de acontecimentos externos, não depende de circunstâncias nem dos outros ao nosso redor.
Fica mais fácil entender que associar a felicidade à mera busca de satisfação de desejos ou prazeres momentâneos é diminuí-la, menosprezá-la, ou pelo menos confundi-la com sensações ou sentimentos.
Momentos de alegria, momentos de desfrute, de prazer, quando dignos, podem até compor parte da edificação de nossa felicidade, mas não são a felicidade em si.
Assim, pode-se ser feliz vivendo momentos de alegria e de tristeza, momentos de lutas, de dor e instantes de júbilo. São paisagens e cenários do caminho de todos.
Felicidade é construção na alma e da alma.
Quando Jesus traz a proposta do amor nas três grandes dimensões para nossa vida – a Deus, ao próximo e a nós mesmos – sintetiza o caminho para a construção do nosso ser feliz.
Só é feliz aquele que cumpre os deveres para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo.
Entendendo aqui, não um cumprir deveres impositivo, de uma força externa que nos obrigue a realizar algo contra nossa vontade.
Pelo contrário, dever no sentido de encontro com nossa essência, de buscar aquilo que nos pertence, que dá sentido à nossa vida.
Entendendo, por fim, a felicidade como construção diária, como edificação íntima, o que nos impede de vivê-la ainda hoje?
Mesmo que seja um pouco, mesmo que seja tímida, mas alguma porção já pode ser desfrutada.
Felicidade de quem é grato pela vida.
Felicidade de quem luta e faz a sua parte.
Felicidade de quem se supera sempre que possível.
Felicidade de quem está vencendo suas imperfeições.
Felicidade de quem está se conhecendo, acolhendo-se como está e percebendo quanto ainda pode vir a ser.
Felicidade de quem ama e que se ama.
É tempo de ser feliz.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita
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