*Thiago Freitas
Desde que nascemos, via de regra, somos conduzidos a seguir os costumes do meio em que vivemos. Tomamos como espelho nossos pais, e a própria rotina social dita os próximos passos, como um ciclo de vida. Nossa vida acadêmica normalmente começa na creche, depois vamos para a escola cursar o nível fundamental, em seguida o nível médio – nesse período costumamos conciliar com um trabalho –, uma faculdade e por aí vai. Parece comum (e deveria), mas não é assim para todos, apesar da educação básica ser um direito constitucional garantido por lei.
A cada quatro anos temos eleições para presidente, como também para governador. Nesse intervalo de dois anos, elegemos um prefeito – o cargo maioral do nosso município. E nessa jornada para ver quem ocupa as caras cadeiras durante o longínquo mandato de quatro anos, há muitas promessas e, sobretudo, com relação à educação. “Vamos zerar a fila das creches”, “vamos ter escolas em tempo integral”, “nenhuma criança em idade escolar ficará fora da sala de aula” – são frases bem entoadas em campanhas cheias de sorrisos e passeios na periferia, porém, vazios na prática, quando são fracassadas na vida real.
A educação é o primeiro passo. Dizem. Ou, o primeiro passo é a educação. Deveriam fazer. A ordem dos fatores altera sim o produto, visto que, notoriamente, os passos dos nossos governantes estão inclinados a outras questões mais “pop” para eles. Agronegócio, economia, tecnologia 5G são pautas quentes no parlamento, mas não exatamente nas campanhas, pois o voto da massa, o X nas urnas de quem mais anseia por medidas sociais urgentes, não clama pelos passos adiantes sem terem dado sequer o primeiro passo, a educação.
O investimento em educação não faz qualquer político ser melhor, faria-o, ao menos, ser coerente e justo com nossa sociedade que, especialmente a parcela mais enfraquecida financeiramente é a que arca com mais impostos, e o retorno desse império tributário seria, infimamente humano, revertido eficientemente em educação de qualidade.
Os números não mentem. Para efeito de comparação com outras nações que levam o quesito educação como um tema prioritário para desenvolvimento humano, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 1980 o PIB per capita da Coreia do Sul representava 17,5% do PIB per capita dos Estados Unidos –menos da metade do PIB brasileiro no mesmo ano (39% do PIB per capita norte-americano). Após 42 anos, a Coreia do Sul passou a registrar 66% do PIB per capita dos norte-americanos. Já no país do futebol houve queda, caindo de 39% para 25,8%.
As políticas públicas prometidas e executadas no país asiático refletiram no aumento da produtividade da indústria sul-coreana, com crescimento de 4,3% ao ano, com salários acrescidos no mesmo percentual. No mesmo período, historicamente curto, no Brasil, a indústria amargou crescimento em 0,7% ao ano, enquanto que os salários “subiram” 0,3%.
Mais da metade dos adultos (51,2%) não concluíram o ensino médio, diz o IBGE. Apesar do índice ter melhorado, o PNAD Educação, realizado em 2019, apontou que 69,5 de pessoas maiores de 25 anos não conseguiram seguir com essa etapa do ensino. Entre as principais razões para a evasão escolar, os mais citados foram a necessidade de trabalhar (39,1%), e, entre as mulheres, destaca-se gravidez (23,8%).
E assim sucessivamente. Sem estudo, não há trabalho digno. Sem trabalho digno, não há sustento. Sem renda, há fome. Mas sempre haverá impostos, os quais, se fossem designados corretamente para pavimentar o primeiro degrau da escada, a educação sempre seria o primeiro passo. Em tempo: a construção de uma casa começa-se pelo alicerce.