Quem é Jesus? Mt 16,13-20
Esta pergunta é objeto da Teologia, da Catequese, da Evangelização, da Pastoral. A Teologia pergunta: “Quem é Jesus de Nazaré?” E entre outras conclusões, a principal delas é: “É um homem, é humano, é o “Filho do Homem, mas também conclui: “Ele é Deus, divino, é o “Filho de Deus”, encarnado. Como consequência elabora uma profissão de fé, um “Creio”, o Credo “Niceno-Constantinopolitano”. A Catequese também quer despertar a experiência viva com Jesus de Nazaré, na “Escola de Jesus”, nos faz “aprender-apreender” os ensinamentos de Jesus e colocá-los em prática na vida. A Evangelização tem como fundamento o Anúncio da Boa-Nova de Jesus Cristo, sua pessoa e o “Reino de Deus” como mensagem de salvação, de alegrias, principalmente dos necessitados dela. A Pastoral tem Jesus como “Modelo” no ser e no agir. Mas tem diante dos olhos a realidade onde se enraíza, olhando como Jesus viveu e reagiu, agiu na sociedade do seu tempo. A Igreja ao longo dos tempos enfrentou “Os Sinais dos tempos” pra responder na sua caminhada a pergunta: “Quem é Jesus’? E desafiada tenta responder com projetos pastorais “que espelhem a presença de Jesus, Filho do Homem, Servo Sofredor, Filho de Deus’. Os evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas, principalmente foram escritos tendo como pano de fundo esta pergunta: “Quem é Jesus?”, procura responder ao longo do evangelho e também como se tornar Discípulo do Mestre.
Jesus viveu num época em que o povo judeu estava em “alerta máximo” à espera da chegada iminente de um Messias que viria restaurar o Reino ou Reinado de Deus, há muito esperado. Era como se o “tempo estivesse grávido” do Messias.
As expectativas acerca de o que, quando, onde e como é que isso seria variavam imensamente. As especulações multiplicavam-se. Haveria alguma intervenção divina milagrosa? Os romanos seriam derrotados? O Rei-Messias marcharia, triunfante (como um Grande General) sobre Jerusalém, seguido pelo seu exército? Ou o Reino de Deus seria instaurado de qualquer outra forma?
Era principalmente na Judeia (Jerusalém) que se tinha a mentalidade de um Messias descendente de Davi, que respondesse às expectativas das elites judaicas (fariseus, saduceus, sacerdotes). Por isso Jesus tirou seus discípulos da região para discutir melhor com eles sua verdadeira identidade de Filho de Deus, Messias-Servo. Estão na periferia, Cesareia de Felipe. É a partir dessa realidade que os discípulos são estimulados a dar uma resposta plena de quem é Jesus. É também esse lugar que recorda o início da atividade de Jesus. É dentro deste panorama que a “Igreja em Saída” do papa Francisco se coloca: “nas periferias ao lado dos necessitados, pra dar uma resposta hoje de quem é Jesus?
Jesus se encaminha para Jerusalém e para a cruz. Faz-se necessária a descoberta da reação da opinião pública. Este confronto Jesus faz diretamente, questionando os discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Nesta conversa livre de família os discípulos vão contando para Jesus os comentários que correm a respeito de quem é Ele. No geral, o povo o identifica com João Batista, Elias, Jeremias ou algum outro profeta enviado por Deus. Todas são figuras do Antigo Testamento. Era visto como simples precussor dos tempos messiânicos. Percebe-se que circula na sociedade uma imagem distorcida de Jesus, exatamente por causa de sua humanidade. Eles não captaram a originalidade de Jesus, sua condição única de Filho de Deus entre nós. Dadas as informações, Jesus faz uma pergunta direta: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Mas os discípulos não podem se fechar atrás dessas imagens vagas: aceitaram, afinal, partilhar sua vida com Jesus. Os discípulos e todos nós vimos até agora o que Jesus falou e fez. Devem tomar posição. “E vocês, quem dizem que eu sou?” A mesma pergunta permanece no ar e se dirige a cada um de nós hoje. Não se trata de uma pergunta de sondagem catequética para verificar os nossos conhecimentos. É mais pessoal: o que Cristo representa em nossa vida? Pedro se faz porta-voz do grupo e responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!”. Mateus fez de Pedro o modelo das comunidades dos discípulos do Senhor, cuja missão é acolher e abrigar os pobres e excluídos. Na pessoa de Pedro, estão reunidas características que em outros textos do evangelho são atribuídas aos discípulos como símbolo das comunidades. Pedro é a rocha sobre a qual jesus constrói a Igreja (16,18); os discípulos são chamados a construir a casa sobre a rocha (Mt 7,24); Pedro recebe o poder de ligar e desligar; os discípulos também (Mt 18,18). Pedro recebe as chaves do Reino do Céu, as comunidades dos simples e pequenos também são chamadas a usar a chave do Reino, o conhecimento da vontade do Pai, para abrir o reino a todos que se dispõe a aceitá-lo. Ninguém chega a entender “Quem é Jesus” a não ser mediante o compromisso com suas propostas, que são as mesmas do Pai: a justiça que faz surgir o Reino em nosso meio.
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.
FOTO:A-BEBER