Essa segunda-feira (28) é especial para 789 pessoas que ajudam a zelar pelo meio ambiente do Paraná. Eles formam o exército de voluntários do Instituto Água e Terra (IAT) em três frentes de trabalho na conservação da biodiversidade local, cuidando tanto da flora quanto da fauna. Eles se dividem entre os programas Voluntariado em Unidades de Conservação do Paraná (VOU); Cuidados e Reabilitação Intensiva de Animais Silvestres (CRIA); e colaborando com os viveiros e laboratórios de sementes para restauração ambiental.
Há, ainda, o Corpo de Socorro em Montanha (Cosmo), que atua especificamente no suporte a frequentadores do Parque Estadual Pico do Marumbi, em Morretes, no Litoral.
É o caso do ponta-grossense Clewerson Ribeiro, de 48 anos. Ele se inscreveu no VOU em dezembro do ano passado. Amante da escalada, ele participa do grupo que atua na erradicação do pinus no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, e no Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi. Pelo menos duas vezes por mês ele veste a roupa especial de voluntário e, ferramentas em mão, ajuda a conservar o bioma nativo na região dos Campos Gerais.
“Eu comecei por indicação. Precisavam de alguém que escalasse em Vila Velha para cortar pinus em um arenito. Aceitei o desafio e continuei nessa atividade, pois já tinha consciência de que o pinus destrói a vegetação nativa, a fauna e o turismo”, explica.
“Penso que o Brasil todo vai perder a vegetação nativa se não tiver uma iniciativa popular em relação as espécies exóticas. Há três anos eu participei da erradicação de pinus na região das furnas, aqui em Vila Velha, e agora já tem pinus de três metros de altura novamente lá. Esse é um trabalho que não pode parar”, acrescenta Ribeiro.
Em Vila Velha, em maio deste ano, os voluntários bateram a marca de mil hectares de pinus suprimido de uma área de 3,2 mil hectares do parque. Como a atividade é considerada de risco moderado, com o uso de motosserras, caminhadas em meio à mata e derrubada de árvore, o IAT oferece seguro individual aos inscritos no VOU. Essa vertente do voluntariado conta com 679 pessoas.
“Focamos nas Unidades de Conservação (UCs) para aproximar as pessoas aos espaços naturais e potencializar a visitação nos parques, mas a intenção é de expandir para as Área de Proteção Ambiental (APAs) também”, afirma o coordenador do VOU, Jean Alex dos Santos.
CRIA – O CRIA nasceu em 2022 com o objetivo de cuidar dos animais para devolvê-los à natureza. O foco específico do programa é ajudar na recuperação de filhotes de gambás e aves silvestres, vítimas de algum tipo de violência. Atualmente, o programa conta com 13 voluntários, que se dedicaram a 85 animais no período. “A maioria dos casos são de filhotes de gambá encontrados ao lado da mãe atropelada em alguma via”, relata a coordenadora do CRIA, Eduarda Fernandes.
Mirian Holztratner, de Curitiba, faz parte do programa há um ano. Desde então atendeu em casa, no bairro Campo Comprido, 15 gambás. “A gente esquece um pouco de nós pra cuidar só deles. Se eles não querem mamar, se eles não querem fazer xixi, tem que ficar de olho, observar e no menor sinal, atuar. É a coisa mais gostosa que tem. Meu marido fala que meus olhos ficam brilhando”, conta.
O último gambá chegou há cerca de três semanas em sua casa. Foi encontrado do lado da mãe, que havia sido atropelada em uma rodovia do Litoral do Paraná. Foi para os cuidados de Mirian com 118 gramas, e ficará com ela até atingir 400 gramas, que é quando, em seu habitat natural, desgruda de sua mãe e começa a viver sozinho.
Para que o atendimento seja realmente efetivo, o Instituto Água e Terra disponibiliza um curso de capacitação a distância com informações de cuidados básicos à fauna silvestre, um requisito obrigatório para participar do CRIA. “Acho que aí que está o diferencial. É desta forma que eu consigo cuidar cada vez mais e melhor desses animais”, ressalta Mirian.
VIVEIROS – O terceiro eixo do programa de voluntariado é relacionado aos viveiros florestais e os laboratórios de Sementes do IAT. O intuito é contribuir com a produção de mudas de espécies nativas que são distribuídas gratuitamente por todo o Estado, além de ajudar na promoção da educação ambiental.
Neste programa atuam 69 voluntários na análise, manejo, retirada de ervas daninhas das mudas e no desenvolvimento de projetos de educação ambiental e pesquisa através das plantas nativas. Além disso, ajudam também na parte administrativa e na prestação de informações aos visitantes. Essa cooperação foi essencial para que o IAT atingisse o recorde de 8 milhões de mudas distribuídas por todo o Paraná desde 2019.
COSMO – O Corpo de Socorro em Montanha (Cosmo) surgiu em 1996, para ajudar a garantir a segurança dos visitantes do Parque Estadual Pico do Marumbi. O grupo de socorristas atua através de um Acordo de Cooperação com o Instituto Água e Terra, formalizado em 2022. Atualmente, o Cosmo é formado por 28 montanhistas, que atuam nos finais de semana e feriados.
“Dentro dessa experiência de montanhismo compartilhada, cada um ajuda de acordo com a sua formação: temos biólogos, historiadores, geólogos, jornalistas, fotojornalistas, engenheiro mecânico, socorrista, uma diversidade de formações”, explica a coordenadora do grupo, Bárbara Nogueira, de 34 anos. “O montanhismo, além de ser uma modalidade esportiva, é também uma relação de amor com a natureza. E ter a certeza que podemos devolver para o Marumbi, nem que seja um pouquinho do nosso conhecimento, já é muito gratificante”.
EVENTO – Nesta segunda-feira (28), a partir das 13h30, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, o Instituto Água e Terra promove um evento para que a população possa conhecer melhor o programa de voluntariado. A programação prevê também palestra com representantes da ONG Eco Local Brasil; o workshop “Segurança e primeiros socorros em ambientes naturais”, ministrado por montanhista do Cosmo; além da distribuição gratuita de mudas nativas produzidas pelos viveiros florestais do instituto.
INSCRIÇÃO – Se você gostou da ideia e quer ajudar a cuidar do meio ambiente do Paraná, pode se inscrever diretamente no site do IAT, neste link, há a possibilidade de escolher o programa e se informar sobre as etapas necessárias para efetivar a adesão.
Fonte: Agência Estadual de Notícias