*Francisco Carlos Oliver
O saneamento básico é um componente essencial da qualidade de vida e saúde pública em qualquer sociedade. A falta de acesso à água potável e sistemas adequados de tratamento de esgoto pode levar a uma série de problemas de saúde e ambientais. Nesse contexto, a tecnologia protagoniza como um elemento fundamental na melhoria e avanço do saneamento básico.
O acesso à água limpa, coleta e tratamento de esgoto, é um direito essencial na vida humana. No entanto, em muitas partes do mundo, milhões de pessoas ainda não têm acesso a condições adequadas de saneamento. O uso da tecnologia tem se mostrado um catalisador para melhorar essa situação, trazendo soluções inovadoras para os desafios do saneamento básico.
Avanços tecnológicos têm permitido o desenvolvimento de métodos mais eficientes e econômicos de tratamento de água e esgoto. Sistemas de filtragem avançada, processos de desinfecção mais eficazes e tecnologias de recuperação de recursos têm contribuído para a melhoria da qualidade da água, reduzindo a poluição e promovendo a sustentabilidade.
A tecnologia também desempenha um papel importante no monitoramento constante dos sistemas de saneamento. Sensores e dispositivos conectados permitem a coleta de dados em tempo real sobre a qualidade da água, níveis de esgoto e funcionamento de estações de tratamento. Isso permite uma resposta rápida a problemas e a possibilidade de ajustar os processos para otimização.
A escassez de água é um desafio crescente em muitas regiões. A tecnologia auxilia na gestão eficiente dos recursos hídricos, possibilitando a detecção de vazamentos, a medição precisa do consumo e a implementação de sistemas de reuso de água. Isso contribui não apenas para o saneamento, mas também para a preservação dos recursos naturais.
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS 2021, são quase 35 milhões de brasileiros sem água tratada, sendo no Norte do país o registro de maior escassez – 60% apenas contam com água própria para consumo. Já o Ranking do Saneamento 2022 realizado pelo Instituto Trata Brasil diz que 29 municípios das cem maiores cidades brasileiras possuem 100% da população atendida com água potável.
Em relação ao esgoto, quase 100 milhões de brasileiros (44,2%) não têm acesso à coleta. A região Norte também figura neste quesito em uma posição desfavorável: apenas 14% (2,3 milhões) da população contam com rede de esgoto. O atendimento salta para 81,7% (71,4 milhões de pessoas) na região Sudeste.
Em nível mundial, cerca de 80% de todas as águas residuais industriais e municipais são lançadas no meio ambiente sem qualquer tratamento prévio, com efeitos prejudiciais para a saúde humana e para os ecossistemas. Ainda, 380 bilhões de metros cúbicos de água podem ser recuperados dos volumes anuais de esgoto produzidos. Estima-se que esse tipo de reuso de água alcance 470 bilhões de metros cúbicos até 2030, e 574 bilhões até 2050, de acordo com o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021.
Apesar dos benefícios, a adoção de tecnologias no saneamento básico enfrenta alguns desafios. A infraestrutura tecnológica pode ser cara de implantar, especialmente em comunidades de baixa renda. Além disso, a capacitação da população para operar e manter esses sistemas é essencial para garantir sua eficácia a longo prazo.
A tecnologia tem o potencial de revolucionar o campo do saneamento básico, melhorando a qualidade de vida das pessoas, protegendo o meio ambiente e promovendo a saúde pública. A combinação de inovação tecnológica, políticas públicas adequadas e conscientização da sociedade pode levar a avanços significativos no acesso global ao saneamento básico. Portanto, investir em soluções tecnológicas para o saneamento deve ser uma prioridade tanto em nível local quanto global.