O furacão Idalia atingiu a Flórida às 7h45 nesta quarta (30) na região de Keaton Beach com ventos de 200 km/h. De categoria 3, a mesma do Katrina em 2005, é esperado que ele cause grande destruição no estado.
A velocidade é pouco abaixo do critério utilizado para um furacão de categoria 4 (cerca de 210 km/h). Durante a madrugada, o Idalia chegou a esse patamar, mas enfraqueceu ligeiramente para a 3 depois. Tornados, fortes chuvas e enchentes também devem ocorrer.
Autoridades estão preocupadas especialmente com o avanço das ondas sobre as costas do estado, chamadas de “storm surges”. O Centro Nacional de Furacões alerta para impactos “catastróficos” do fenômeno.
O governador Ron DeSantis declarou um estado de emergência e emitiu uma ordem de retirada de moradores em 22 dos 67 condados. Em entrevista na manhã desta quarta, ele disse para a população levar o furacão a sério e disse esperar um grande impacto na região.
Cerca de 14 milhões de moradores estão sob alerta de furacão, desde a área de Sarasota, no centro-oeste do estado, passando por Tampa e chegando à Baía de Apalachicola, ao norte.
Milhares já estão sem energia, situação que deve durar por dias, com o impacto dos ventos sobre a infraestrutura.
A conjunção de enchentes e tornados provocada pelo furacão complica a estratégia de moradores para se proteger: enquanto a orientação para evitar a água é ficar na parte mais alta da casa, contra o vento, é ficar nas mais baixa.
Nesta terça, o furacão evoluiu da categoria 1 para a 2, e deve chegou à 3 rapidamente em razão das temperaturas do oceano acima do normal neste verão.
Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte também devem sentir os efeitos do Idalia.
Ao passar por Cuba na véspera, com ventos de 110 km/h, a tempestade provocou a retirada de milhares de moradores do oeste da ilha. Os cubanos correram para esvaziar cidades costeiras e tentar salvar barcos de pesca.
O Idalia chega aos EUA pouco depois de a tempestade tropical Hilary provocar enchentes e deslizamentos na Califórnia e em Nevada. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica prevê uma temporada de furacões, que vai de junho a novembro, mais agitada que o normal neste ano.
A piora é atribuída às temperaturas recordes do Atlântico. Quanto mais quente a água e o ar, mais força um furacão ganha, explicam especialistas. Neste ano, há risco de ocorrência de 6 a 11 furacões só na Costa Leste, segundo autoridades meteorológicas dos EUA.
No ano passado, a Flórida já tinha sido atingida pelo que ainda é considerado o furacão mais letal registrado no estado. O Ian deixou 150 mortos, e DeSantis foi criticado por não ter disparado alertas de esvaziamento das casas a tempo.
O Idalia é um teste crucial para DeSantis, que disputa a indicação republicana para a vaga no partido na corrida pela Presidência americana no ano que vem. Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Donald Trump, ele ainda não conseguiu deslanchar.
Uma boa resposta ao desastre em seu estado pode ajudá-lo. Por outro lado, se sua gestão da crise for má avaliada, pode ser a pá de cal em sua candidatura.
DeSantis, que estava em campanha em Iowa, cancelou eventos e retornou ao estado para coordenar a preparação para o furacão.
Apesar da sequência de desastres naturais associados ao aquecimento global, o governador da Flórida assinou uma lei neste ano que impede autoridades estaduais e locais de usarem como critério o chamado ESG ao escolher prestadores de serviços e investimentos.
No ano passado, ele já havia aprovado uma legislação semelhante, impedindo a adoção dos parâmetros de boas práticas em fundos de pensão estaduais. Para o governador, ESG é uma tentativa das “elites de Davos” em referência à sede do Fórum Econômico Mundial de “impor sua ideologia”.
Durante o debate entre pré-candidatos republicanos na última quarta (23), DeSantis não respondeu se acredita que a mudança climática é resultado das ações humanas.
Quando os moderadores pediram que os participantes levantassem a mão se achassem que sim, o governador se negou a participar do jogo, dizendo que ninguém ali era “criança de escola”.
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)