O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, deputado federal Tião Medeiros (PP) – representante da região noroeste do Paraná – finalizou neste fim de semana uma viagem com um grupo de parlamentares e lideranças rurais para Israel, país que é referência mundial no agronegócio.
A viagem foi organizada pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná (SENAR-PR)
No geral, Israel tem recursos hídricos bem limitados, pois o clima é frio e chuvoso no inverno e seco e quente no verão. Apesar das péssimas condições, o território se transformou em um celeiro de pesquisas agrícolas e inovações tecnológicas.
Segundo Medeiros, o sistema agrícola de país consegue produzir alimentos no deserto, garantindo irrigação completa para a agricultura por meio da dessalinação da água do Mar Mediterrâneo, além da reciclagem de água. “Dessa forma, o país consegue obter boas margens de lucro”, disse.
“Finalizamos nossa jornada em Israel. Foram dias de muito aprendizado e de aprimoramento. Pudemos conhecer as técnicas de uso racional e de reaproveitamento da água na agricultura e na pecuária. Agradeço a Deus pela oportunidade. Nossa luta é abrir caminhos para o crescimento com tecnologia, racionalidade e sustentabilidade”, complementou.
O processo de dessalinização se resume em um conjunto de processos que retiram sais e outros componentes minerais da água salgada. Por consequência, a água se torna adequada para humanos, bem como para a irrigação.
REINVENÇÃO NO DESERTO
Durante a viagem, a delegação paranaense teve a oportunidade de conhecer diversas iniciativas que foram adotadas. A reciclagem de água é uma das principais chaves para o sucesso israelense na questão hídrica. Mais de 90% do esgoto é reutilizado nas atividades agropecuárias. O esgoto é bombeado para dentro da terra e novamente retirado. Neste processo, ele é purificado ao passar por tratamentos físicos, químicos e biológicos. Logo depois, a água percorre centenas de quilômetros por dutos até chegar nas plantações que serão irrigadas.
Os integrantes também tiveram a oportunidade de conhecer uma fazenda experimental de bananas, localizada no Vale do Rio Jordão. Nesta região, apenas 20% da área é cultivável. O país foi obrigado a inovar e empreender. Entre as principais inovações desenvolvidas por lá, está a irrigação por gotejamento – um sistema que fornece água diretamente à raiz da planta. A tecnologia utiliza a quantidade precisa de água, pois irriga a planta e não o solo, e otimiza as condições de umidade e aeração.
Outro local visitado pela comitiva do agro foi uma usina de energia com quase 250 metros de altura – equivalente a um prédio de 50 andares – composta por mais de 55 mil painéis solares que produzem energia fotovoltaica e energia térmica com o calor do sol. Situada nas areias do deserto do Negev, no sul de Israel, a usina tem capacidade para produzir 121 megawatts de energia solar, suficientes para iluminar 125 mil casas, evitando a emissão anual de 110 mil toneladas de dióxido de carbono.
PARCERIA BRASIL – ISRAEL
O Volcani Center, centro de pesquisa e desenvolvimento agrícola mantido pelo governo e subordinado ao Ministério da Agricultura de Israel, desenvolve mais de 75% dos estudos em inovação agrícola do país. No ano passado, houve uma tentativa de parceria com a Embrapa – instituição pública de pesquisa, desenvolvimento e inovação agropecuária do Brasil, mas, na época, tornou-se inviável por falta de recursos financeiros.
Para o deputado federal, Tião Medeiros, é possível buscar apoio para viabilizar essa colaboração. “Podemos restabelecer esses convênios de troca de experiência e parceria entre Brasil e Israel por meio da Embrapa, que vai ser o nosso braço técnico para interiorizar esse conhecimento. O desafio, daqui para frente, é arrumar recursos dentro do orçamento da União para tornar ativa essa parceria”, afirma.
Ao todo, foram 10 dias de imersão no país mais tecnológico do mundo em agricultura. Na avaliação de Tião Medeiros, a viagem foi fundamental e positiva. “Israel utiliza tecnologias interessantíssimas, com certeza foi uma experiência muito útil e enriquecedora. Conseguimos absorver várias ideias e soluções que podem ser aplicadas no Brasil. Se eles conseguem fazer agricultura no deserto, nós também somos capazes de desenvolver ainda mais a potencialidade agrícola em terras brasileiras”, disse o parlamentar.