REINALDO SILVA
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A cadeia produtiva avícola do Paraná enfrenta o maior desafio de todos os tempos: evitar a disseminação da gripe aviária em propriedades comerciais. A preocupação é proporcional à importância do setor, que gera 100 mil empregos diretos em todo o estado e só perde em Valor Bruto de Produção (VBP) para a cultura da soja.
VBP é o índice de frequência anual, calculado com base na produção agrícola e nos preços recebidos pelos produtores.
Em entrevista ao Diário do Noroeste, o médico-veterinário Rafael Gonçalves Dias, gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), informa que a situação epidemiológica do estado se resume a 12 focos da doença, todos na região litorânea envolvendo aves silvestres.
O cenário é semelhante com o restante do país, que soma 106 confirmações – apenas três em aves domésticas. Esta semana o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que detectou o vírus da influenza aviária (H5N1) em uma criação de subsistência na cidade de Bonito (MS), primeiro registro da doença no estado.
Apesar da proximidade com o Paraná, por enquanto não há necessidade de criar barreiras sanitárias. O gerente de Saúde Animal da Adapar explica que como a maioria dos casos é de aves silvestres, portanto livres, impedir a entrada e a saída das produções comerciais não surtiria efeito neste momento.
O protocolo de bloqueio exige o isolamento da propriedade, a coleta de materiais para análises laboratoriais e, diante da confirmação, a eliminação de todas as aves no lote. A Adapar também investiga as produções avícolas em um raio de sete quilômetros e cria barreiras sanitárias específicas para as áreas de contaminação. “Ainda não precisamos fazer isso em produções comerciais”, reforça Rafael Gonçalves Dias.
O Paraná é o maior polo de avicultura do Brasil, com 9 milhões de abates por dia. A qualidade da produção, diz o gerente de Saúde Animal da Adapar, coloca o estado entre os principais produtores de aves do planeta.
Por isso mesmo, desde 2007 a criação tecnificada tem se preparado para crises sanitárias como a que bate à porta das propriedades não só do Paraná, mas de todo o país e ao redor do mundo. “O setor é organizado”, sintetiza Rafael Gonçalves Dias.
Prevenção – A Adapar intensificou a vigilância em todo o território paranaense e adotou medidas de biosseguridade nas propriedades com produção avícola. O objetivo é prevenir doenças, neste momento em especial a gripe aviária.
Conforme destaca o gerente de Saúde Animal da Adapar, evitar a disseminação do vírus é a melhor forma de evitar a morte das aves. A influenza aviária é uma doença agressiva, rápida e aguda. O índice de mortalidade em um lote pode chegar a 90%.
A orientação para as pessoas que criam animais em casa é cercá-los com telas, assim não haverá risco de contato com aves contaminadas. “A medida é temporária, até que o problema esteja sob controle.”
Alguns sinais indicam a contaminação das aves, e Rafael Gonçalves Dias ensina aos produtores como percebê-los: perdem a capacidade de voar e ficam girando no próprio eixo, demonstrações de que estão nervosas. São indicadores marcantes, facilmente percebidos, diz.
Em situações em que as aves apresentem comportamentos atípicos, ou mesmo se houver mortes, o produtor deve entrar em contato imediatamente com a Adapar para adoção das medidas de controle sanitário.
Em Paranavaí é possível ligar para no Núcleo Regional da Seab/Adapar, (44) 3421-1450, ou na Unidade Local de Sanidade Agropecuária (Ulsa), 3423-2362.