O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) escolheu o Dia da Árvore, nesta quinta-feira (21), para concluir o projeto de mil fontes de água protegidas em todo o Estado, iniciado de maneira simbólica pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior nesta semana. A iniciativa faz parte do Programa Estadual de Proteção de Nascentes, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, que tem a meta de preservar 30 mil fontes e minas d’água até o fim de 2026.
As mil nascentes protegidas são resultado de um esforço de um mutirão organizado entre os técnicos do Instituto e entidades parcerias. A intenção do programa é melhorar a qualidade da água usada pelas famílias rurais paranaenses e garantir o abastecimento nas propriedades. Trata-se da maior iniciativa já realizada de proteção de nascentes no País, com a ação atendendo, neste primeiro momento, cerca de três fontes em cada município. Todas as fontes serão georreferenciadas e as informações serão colocadas no site do IDR-Paraná.
A ação também incluiu a recuperação e recomposição da mata ciliar em volta da nascente, com o plantio de mudas, dentro do programa Paraná Mais Verde, que já ajudou a renovar o mar verde com 8,5 milhões de novas mudas plantadas.
Para a proteção das nascentes, foi usada uma técnica à base de solo-cimento, bastante difundida no meio rural e usada há anos pela extensão rural. A fonte passa primeiramente por uma limpeza geral para retirar possíveis impurezas. Em seguida, a área da nascente recebe pedras irregulares (pedra ferro, sem fundo amarelo), funcionando como um filtro físico da água. Na sequência, são colocados canos de abastecimento das caixas d’água. Por fim, a fonte é lacrada com uma mistura de solo com cimento.
Amarildo Meneguello, produtor rural de Rondon, na região Noroeste do Paraná, trabalha com a criação de gado e com a produção de milho e mandioca. Ele aproveitou esse programa para fazer melhorias na fazenda e garantir que a qualidade da água que nasce no local se mantenha. “Este projeto é muito bom. O Estado tem que se preocupar com a proteção dessas minas. Essa ação só traz benefícios e quem ganha é a população, pois esta água não fica só aqui na propriedade ou no município. Esta água desce para os rios e beneficia o Estado inteiro”, afirma.
Os agricultores que aceitaram participar do desafio se consideram, de alguma forma, “produtores de água”, uma vez que essas minas abastecem as torneiras de todos os paranaenses. Antonio Ivo de Freitas, morador da comunidade Ligação, que fica a 56 quilômetros do Centro de Prudentópolis na região Centro-Sul do Estado, trabalha com gado de leite e protegeu duas fontes na sua propriedade. Elas são afluentes do Rio Iguaçu que corta o Estado de Leste a Oeste.
“Protegendo essas fontes podemos utilizar esta água para nosso consumo, além de colaborar para melhorar a captação de água nos rios”, diz o agricultor.
Sonia de Paula, moradora de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, trabalha com turismo rural na propriedade e possui três fontes de água protegidas. “Uma delas produz até 2 mil litros por hora, e ajudou a gente e os vizinhos na época da estiagem”, conta. “É muito importante que as pessoas tenham consciência e protejam as fontes de água, porque nada sobrevive sem ela”. As nascentes da sua propriedade ajudam a formar um córrego que é afluente do Rio Miringuava, que abastece a RMC.
Ação do IDR – O presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, disse que a técnica para proteção de fontes é antiga e marcou a história do trabalho da extensão rural no Paraná, mas ganha uma projeção maior diante da escassez hídrica. “É um ato simbólico, mas que vai alcançar milhares de microbacias paranaenses em uma visão mais sustentável, o que garante um futuro melhor para as próximas gerações”, destaca.
O gerente estadual do IDR-Paraná, Amauri Ferreira, que coordenou as equipes nesta grande ação, elogiou o comprometimento dos agricultores e dos servidores do Estado. “O principal benefício dessa proteção é a garantia de que a nascente não vai secar, mesmo em período de estiagem. Além disso, a proteção evita a contaminação e garante água de qualidade para abastecer as casas e também algumas atividades, como a irrigação de hortas ou o fornecimento de água para os animais”, afirma.
“Todos os profissionais envolvidos estão de parabéns. Teve todo um trabalho de convencimento dos agricultores e proteção de fontes com difícil acesso. Até cobra encontramos durante o trabalho. Mas concluímos com sucesso essa etapa”, acrescenta. “Os nossos extensionistas vão continuar atuando junto aos produtores para conscientizá-los a respeito da preservação, distribuição e uso racional da água. Pretendemos subsidiar a implantação de práticas de uso mais conscientes de sistemas de irrigação, para que o produtor saiba quando deve irrigar e quanto de água usar”.