Pequenez, Infância Espiritual…
A caminhada espiritual que esta santinha tem a nos mostrar é a Pequena Via, que significa “Caminho Humilde”. É também chamada Infância Espiritual. Teresinha, vendo-se pequena diante de tantos santos e seus atos extraordinários, imaginou se poderia alcançar a santidade, sendo ela um nada, perante eles e principalmente, perante Deus. Percebeu que em seu questionamento estava a chave que abriria as portas do seu caminhar: a pequenez. Necessário seria a ela fazer-se pequena, para que pudesse se deixar conduzir pelo Pai.
Tal como uma criança ela se fazia, e como o filho é carregado pelo pai, assim ela desejava ser: não caminharia com as próprias pernas – ou seja, não por mérito próprio – mas se deixaria levar por Jesus. Como um recém-nascido, seu dever era aprender tudo: falar, comer, andar… Olhava tudo com novos olhos, como olhos de um espírito infantil, que buscava tirar de tudo uma lição de simplicidade; algo que a ensinasse a ser pequena, que a ensinasse sua pequena via.
Com a “PEQUENA VIA”, santidade desce às praças, faz-se convite para todo homem, senta-se à mesa de toda família, torna-se companheira do dia de todos, depõe definitivamente a auréola de prêmio reservado a poucos privilegiados para ser o caminho normal de todos. ISTO ANTECIPA O QUE O C.VII VAI DIZER: A SANTIDADE UNIVERSAL.
PERMANECER CRIANCINHA DIANTE DE DEUS:
É RECONHECER O NADA, ESPERAR TUDO DO BOM DEUS, COMO UMA CRIANCINHA ESPERA TUDO DE SEU PAI, É NÃO SE PREOCUPAR COM NADA, NÃO PROCURAR ADQUIRIR FORTUNA ALGUMA.
SER PEQUENO É, AINDA, NÃO SE ATRIBUIR A SI MESMO AS VIRTUDES QUE PRATICA, CRENDO-SE CAPAZ DE ALGUMA COISA; MAS SIM, RECONHECER QUE DEUS COLOCOU ESSE NAS MAÕS DE SEU FILHINHO, PARA ESTE SERVIR-SE DELE QUANDO TIVER NECESSIDADE; PORÉM, CONTINUA SENDO SEMPRE O TESOURO DE DEUS.
A Igreja canonizando-a pelo exercício heroico de todas as virtudes cristãs, divulgou-lhe também a “PEQUENA VIA” APONDO-LHE O SELO DE SUA INFALÍVEL VERDADE. Assim, Bento XV, aos 4 de agosto de 1921, por ocasião do decreto de heroicidade das virtudes da pequena Teresa, declarava em um importante discurso:
“A INFÂNCIA ESPIRITUAL É UM VERDADEIRO SEGREDO DE SANTIDADE PARA TODOS OS FIÉIS DO MUNDO INTEIRO”
Pio XI não hesitava em cultivar uma grande esperança: A REFORMA DA SOCIEDADE MEDIANTE A ACEITAÇÃO DA VIA VIVIDA E ENSINADA POR TERESINHA. (missa de canonização 17 de maio de 1925).
No mesmo discurso reconhecia, diante de uma multidão nunca vista, mesmo nas grandes ocasiões, que Deus havia enriquecido Teresinha com “UM DOM DE SABEDORIA ABSOLUTAMENTE EXCEPCIONAL”.
UMA SANTIDADE DE ÁGUA COM AÇÚCAR?
Talvez não estivesse totalmente claro em que, na realidade, consiste a santidade; era-se ainda ávido de espetáculo.
Teresinha nunca deu espetáculo. As peregrinações começaram só depois de sua morte.
A voz da Igreja, que reconhecia suas grandes virtudes e a validade teológica e providencial de sua “PEQUENA VIA”, não só a declarava MODELO DE SANTIDADE, MAS TAMBÉM TEÓLOGA E DOUTORA POR TER ENSINADO A TODA COMUNIDADE DOS FIÉIS UM “CAMINHO TODO NOVO” para chegar a Deus.
Punha ainda, deste modo, um fim a algumas superficiais ou mesmo falsas interpretações de sua vida e via. Tratava-se, certamente, de algo de novo de um “NOVA MENSAGEM” como afirmava Pio XI no dia seguinte à canonização de Teresinha. E a novidade, sabe-se, especialmente quando se critica sem conhecê-la, gera alarmismos, cria reservas, levanta barreiras, ativa defesas.
A “VIA DA INFÂNCIA ESPIRITUAL” deve ser compreendida, deve ser meditada, então, toma-se facilmente a consciência de se encontrar diante de uma luz do Espírito, que se serve de uma “pequena alma”, como se definia Teresinha, para esclarecer o mundo.
A Igreja, oferecendo aos fiéis de todo o mundo a “pequena via de infância espiritual”, tornando acessível a todos a santidade, dava a largada para uma nova era da vida cristã, era que devia encontrar na celebração do Concílio Vaticano II seu ponto mais alto e rico.
“O BOM DEUS FARÁ TODAS AS MINHA VONTADES NO CÉU, PORQUE NUNCA FIZ A MINHA VONTADE CÁ NA TERRA”.
‘QUERO PASSAR O MEU CÉU FAZENDO O BEM SOBRE A TERRA.”
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.