Era uma tarde ensolarada de quinta-feira, verão de 38 graus, em uma cidade do interior paranaense. O consultório do Dr. Lúcio estava iluminado apenas pela suave luz que vinha da janela, amenizada pela existência de uma persiana semi aberta, brinquedos coloridos em um armário e livros para colorir em uma pequena mesa de canto. Nele, um pai de rosto cansado pela desgastante rotina, mas olhar determinado, procurava respostas.
“Dr. Lúcio,” começou o pai, os olhos cheios d’água, “meu filho é autista, grau leve. O diagnóstico veio tarde. Sei que o grau não implica necessariamente em possibilidade de melhora natural em suas características. Sabe, ele é tão literal, tão puro, tranquilo… E a cada dia, descubro uma nova faceta de seu universo. Ele se conecta de maneira tão intensa com algumas coisas, como carros e dinossauros, mas tem total desinteresse em coisas que outros jovens gostam e também tem dificuldade em se conectar com adolescentes da mesma idade.”
Dr. Lúcio, com um olhar compreensivo, respondeu: “Entendo suas preocupações. O diagnóstico precoce pode oferecer uma rota de intervenções que poderiam ter auxiliado melhor em sua trajetória. Mas, cada jornada com o autismo é única. Nada é certo! E o que você descreve mostra a resiliência de seu filho e o quão longe ele chegou.”
O pai continuou, “Ele praticou tantos esportes, foi desafiado em tantos aspectos… A angústia que sinto, doutor, é pensar no que poderia ter sido diferente se tivéssemos descoberto antes. Será que deixei de fazer algo? Poderia realmente ter alterado o seu quadro para melhor?”
“Entendo sua angústia,” disse o terapeuta, “mas é vital focar nas conquistas e habilidades. Seu filho tem habilidades incríveis, assim como todas as pessoas do espectro; são especiais. A conscientização sobre o autismo começa com histórias como a sua. Através de vocês, podemos ensinar a sociedade a celebrar a diversidade e se preparar para acolher este elevado número de crianças, jovens e adultos.”
E enquanto conversavam, uma epifania ocorreu ao pai. Ele percebeu que cada família tem uma missão: compreender e abrigar seus anjos especiais. Eles não são anjos por serem perfeitos, mas por nos mostrarem uma forma pura e única de ver o mundo, cada um com suas características e particularidades.
Ao se despedirem, o pai, com a voz embargada, agradeceu: “Dr. Lúcio, percebo agora que meu filho é especial, não por suas limitações, mas pelo seu poder de transformar aqueles ao seu redor. Ele é o nosso anjo que nos ensina diariamente que o real valor das coisas não é o financeiro, o material, mas o amor que dedicamos as nossas experiências; fazer o bem, o certo, tornar pequenas conquistas, grandes feitos!”
E assim, ao sair do consultório, levava consigo uma mensagem não apenas para ele, mas para a sociedade: todo ser humano é especial e tem algo valioso a oferecer. E quando alguém é realmente especial, não é uma tarefa, mas um privilégio para a família acolher, entender e amar seu anjo. Porque no final, é através da diversidade e da aceitação que a humanidade cresce e se enriquece.
Obs: Procure saber sobre o autismo! Leia, pesquise, fazer a sua parte! Este é o início da mudança!
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