ANA PAULA BRANCO
DA FOLHAPRESS
O corte da General Motors atingiu 800 funcionários na unidade de São José dos Campos, mais de 200 na planta de São Caetano do Sul e cem na fábrica de Mogi das Cruzes, afirmam os sindicatos dos metalúrgicos.
A empresa confirmou os desligamentos, mas não informou o número de demitidos. Segundo a GM, a medida foi adotada em razão da queda nas vendas e nas exportações.
As demissões ocorreram no fim de semana, por telegrama e por email, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, e durante acordo de layoff com garantia de estabilidade assinado pela montadora, em junho.
Em protesto, metalúrgicos demitidos penduraram cerca de cem uniformes de trabalho com mensagens contra os cortes na portaria da unidade de São José dos Campos nesta quinta-feira (25). O número de demitidos representa 20% do quadro da fábrica, de acordo com o sindicato.
Uma nova manifestação será realizada nesta quinta (26), às 9 horas, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, e seguirá pelo centro da cidade. A entidade espera a participação de trabalhadores das unidades de Mogi das Cruzes e São Caetano, que também foram atingidas pelas demissões.
A fábrica de São José dos Campos tem cerca de 4.000 trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer, em uma média de 150 carros por dia.
As três unidades da GM estão totalmente paradas, por tempo indeterminado, por causa da greve iniciada nesta segunda (23). Ao todo, a paralisação unificada reúne cerca de 10 mil profissionais, que reivindicam o cancelamento da demissão em massa pela montadora.
Segundo a GM, suas fábricas em Gravatai (RS), Joinville (SC) e Sorocaba (SP) operam normalmente.
Após pedido dos sindicatos dos metalúrgicos que representam os trabalhadores da GM em São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, o governo de São Paulo agendou uma reunião com as entidades.
O encontro está marcado para esta quarta-feira, às 17 horas, com o secretário da Fazenda e Planejamento, Samuel Yoshiaki Oliveira Kinoshita. Segundo o sindicato de São José, também será marcada uma reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Os três sindicatos também enviaram carta ao governo federal, solicitando reunião com a Presidência e o Ministério do Trabalho em caráter de urgência para discutir medidas de socorro aos trabalhadores do setor automotivo.
A mobilização no Brasil ocorre em meio à greve histórica nos EUA contra as três principais montadoras americanas (GM, Ford Motor e Stellantis).
Em paralisação que dura mais de um mês, trabalhadores do setor automotivo pressionam por salários e benefícios mais altos e pela eliminação de um padrão escalonado que paga menos aos funcionários mais novos.
As montadoras dizem que as exigências do sindicato prejudicariam seus lucros, já que tentam competir com fabricantes não sindicalizados, como a Tesla.
A General Motors registrou lucro líquido global de US$ 2,57 bilhões (R$ 12,94 bilhões) no segundo trimestre deste ano, com alta de 51,6% na comparação anual.
Segundo relatório divulgado pela montadora, 1,6 milhão de veículos foram entregues em todo o mundo no segundo trimestre, uma alta de 11,5% em comparação a 2022. Nos Estados Unidos, houve um aumento de 18,9% nas entregas, totalizando 692 mil unidades. No Brasil, a montadora entregou 78 mil veículos durante o período de abril a junho, registrando um crescimento anual de 18,1%.
Neste ano, a GM voltou a investir no mercado europeu com lançamento do Cadillac Lyriq, na Suíça, para aumentar a sua participação no mercado de carros elétricos. A iniciativa ocorre seis anos depois que a montadora americana vendeu suas marcas populares na região.
A montadora é uma das que está priorizando a transição energética global. A GM vai produzir carros híbridos e elétricos no Brasil, mas disputa mercado com as chinesas GWM e BYD, que colocam a América do Sul em destaque na sua estratégia de negócios.