A taxa Selic é um importante indicador para os mais diversos setores econômicos, inclusive o da construção civil que, com o patamar de 12,75%, definido em setembro de 2023, e com vislumbre de mais quedas, pode voltar a sonhar com reaquecimento. De acordo com Roberto Braz Thá, diretor da Thá Engenharia, isso acontece porque o ritmo de queda da taxa de juros estabelece uma relação direta com financiamentos, retorno de investimentos e empréstimos, tanto para quem constrói quanto para quem decide comprar.
“A construção civil prevê crescimento de 2,5% em 2023. Para se ter uma ideia, o Ministério da Fazenda estipula que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chegue a 3,2%, ou seja, o segmento acompanha o crescimento econômico geral e de maneira constante. Isso porque a construção civil gera milhares de empregos diretos e indiretos, mantém a roda da economia girando, já que oportuniza anos de financiamento e injeção monetária, além de contribuir para a valorização de bairros e cidades inteiras. É importante lembrar que esse setor não é voltado apenas a imóveis, mas também a construção de obras em diversos segmentos, como comércios, hospitais, indústrias entre outras”, afirma Thá.
Ainda de acordo com o diretor da Thá, dado o otimismo do setor, somado à constante diminuição que a taxa de juros representa, a construção civil deve se concretizar como um importante motor econômico e gerador de empregos, o que representa um avanço para toda a sociedade de forma circular.
“A queda da Selic e a expectativa de que essa taxa caia ainda mais é um sinal para todo o cenário econômico, que vai desde o empresariado ao consumidor final. Isso porque entendemos que há oportunidade de aquecimento de diversos segmentos, como saúde, em que a construção civil é a responsável pela construção de hospitais, por exemplo, indústrias e serviços, desde a execução de estabelecimentos comerciais até toda a área de logística, que é um setor em forte crescimento no Brasil. Nesse setor, que compõe diversos processos industriais, como armazenamento, estoque e distribuição, a construção civil se mostra presente em toda a cadeia, que vai desde a construção de espaços para atividades especializadas até a criação e manutenção de vias de transporte, como ferrovias e rodovias, ainda mais em um país continental como o nosso”, ressalta o diretor da Thá Engenharia.
“Nesse contexto otimista, há crescimento ordenado, pluralidade de negócios e retorno para a população, que ganha mais oportunidades de crédito, enquanto os investidores enxergam um mercado mais propício para construírem de modo residencial ou comercial”, completa Thá. Atualmente, a Thá Engenharia, referência no setor de construção civil, possui cerca de um bilhão de reais em contratos firmados com instituições dos mais variados segmentos, atuando em negócios de saúde, comércio, serviços, mercado imobiliário, entre outros. Nos dois últimos anos, dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que a construção civil cresceu 17,7%.
Mercado imobiliário
Nikolas Nissel, head de Real Estate da TM3 Capital, explica que, devido à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ter sido em setembro e a expectativa de continuidade de queda da Selic permaneça até o fim de 2023, tanto a produção quanto a aquisição de imóveis devem ter melhora até o fim do ano.
“Essa reunião foi bastante motivadora para quem é do setor de construção e imobiliário, porque a queda de 13,75% para 12,75% foi bastante significativa quando estamos falando de bens de alto valor. Do lado da produção, um dos principais benefícios é o custo da dívida que começa a diminuir com a queda da Selic. Então, financiar a produção de novos imóveis fica mais barato e os projetos começam a ficar cada vez mais rentáveis. Do lado do comprador, o negócio é interessante devido ao financiamento, que é o principal meio para se adquirir um imóvel. Com juros mais baixos, o valor do financiamento é menor e mais pessoas se tornam aptas para a aquisição desse produto”, esclarece Nissel.
O especialista ainda ressalta que essas decisões econômicas devem atrair investidores que optam por renda fixa. “Com a baixa da Selic, o mercado endereçável de imóveis, seja os de baixo ou alto padrão, acaba ficando maior porque as pessoas têm incentivo para adquirirem esse bem. Quando a taxa de juros está muito alta, é difícil convencer um investidor a desaplicar dinheiro e comprar um imóvel. Porém, à medida que vai baixando, esse mercado começa a ficar mais atrativo porque o trade off é atrelado à Selic e ao CDI. Portanto, torna-se um investimento mais aquecido e de maior segurança”, finaliza.