Primeiramente, meus cumprimentos a todos vocês corriqueiros leitores deste jornal e desta coluna, já há algum tempo preenchida pelas contribuições de nosso irmão frei Filomeno dos Santos. Hoje, as letras estarão um pouco diferentes. A convite de frei Filomeno, eu, frei Vinicius, aqui de Curitiba, venho oferecer uma leitura sobre o que celebraremos neste domingo (05) em nossa Igreja: a festa de todos os Santos e Santas de Deus. Esta festa recorda a vida, a vocação e a missão de tantos homens e mulheres que viveram a sua vida – passaram o seu céu fazendo o bem sobre a terra – como nos recorda S. Teresinha, e agora são lembrados nos altares, paróquias e casas, com imagens, festividades, peregrinações e orações. São luminares para nossa vida cristã, que nos apontam para uma vida doada, entregue como foi a de Jesus.
Hoje, entre o rol de tantos Santos e Santas, quero recordar, de modo especial, a vida e a vocação de um irmão nosso, canonizado há pouco tempo pelo Papa Francisco (ano passado, 2022, no dia 15 de maio), e também contribui para nossa vida como batizados e missionários, convidados e convidadas a doar a vida, e, se for o caso, até últimas consequências. Estamos falando de São Tito Brandsma, um frade carmelita holandês, nascido em 1882, e martirizado, no campo de concentração de Dachau, em 1942, vítima de uma injeção letal aplicada sob ordens do regime de extermínio que na Europa se instalava em seu tempo.
Por que São Tito Brandsma? Recentemente, no início deste mês de outubro passado, estive na Holanda para a realização de um congresso internacional sobre Tito. Uma semana de convivência em torno de vida e contribuições do santo de Bolsward. Entre as palestras que se realizavam no período da manhã e atividades do período da tarde, nós, participantes, leigos, leigas, freis, padres, irmãs consagradas, nos aproximamos e aprofundamos ainda mais aquilo que em Tito desperta como olhares para nossa vida e nossas crises de hoje, principalmente pela sua atuação profética: enquanto professor e jornalista, não deixou de atuar em favor da vida, mesmo quando um regime de morte e ódio se instalava também em seu país.
Em uma das palestras, abordamos Tito e a filosofia. Um de seus textos, intitulado “O Conceito de Deus”, Tito identifica o quanto a Europa de seu tempo passava por uma tamanha crise espiritual, relacionando a isso, o problema do avanço das ideologias, principalmente ideologias que conduziriam à morte a exclusão, inclusive ao próprio martírio de Tito. Tais sintomas, não são difíceis de acompanharmos também hoje em nossos dias e em nossos tempos. Guerras espalhadas pelo mundo também recebem o seu combustível destes dois fatores, que já em seu tempo, Tito identificava como sintomas de uma sociedade que se encontrava doente, sem perspectiva, buscando pelo ódio e pela guerra, falsas seguranças e erigindo para si os próprios bezerros de ouro, porque esqueceram daquele que tanto amou e tanto ama o mundo (cf. Jo 3,16).
Desta forma, entre os tantos santos que nos apontam caminhos de paz, de não-violência, de caridade, de diálogo de oração e de missão, também Tito, um carmelita, tão próximo de nossos dias, aparece como um sinal de contradição ao mundo e de vivência da santidade em seu modo de vida. Como frade, escritor, professor, presbítero, Tito encontrava e mostrava que contemplação de Deus e ação pela sua causa caminham juntos, principalmente, em torno da paz. Percorramos caminhos da Paz! Iluminados pelo exemplo de Tito e tantos Santos e Santas de Deus que promoveram a vida!
São Tito Brandsma, rogai por nós.
Texto: Frei Vinicius Alexandre Beiger da Luz.