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RENATO BENVINDO FRATA

O Amigo

Ajeita a tralha e latinhas no isopor.

Pescaria promete.

Dia de sol, bonito, vento fraco.

Telefone toca, é Maurício dizendo que não vai.

Fora pego por um caganeira.

“Que azar. Que pena!”. Amigo bom taí. Deu as cervejas e não vai pescar.

“A que horas volta?” – mulher pergunta.

“Seis ou mais se eles estiverem beliscando” – é a resposta.

Ela sorri. Ele se apressa.

Chega no rio, joga as iscas antes de descer as tralhas.

Putz! Anzol enrosca numa rede.

“-Que maçada!”

Puxa devagar. Não quer estourar a linha.

“- Caramba! Tá cheia!” – diz a si próprio.

Conta rapidamente: 32 lambaris, 9 bagrinhos, todos vivos.

Rede rodou na correnteza.

“- Que puta sorte.”

Olha para os lados, para trás, para frente. Procura o dono e não vê ninguém.

Silencioso como chegou, põe tudo no embornal e sai.

“- Maurício deu as cervejas – pensa – darei a peixada.”

Chega, entra, nota silêncio incomum.

O fogão tá frio.

Faz carranca, abre bem os olhos e se pergunta:

“- Será que ela foi almoçar na mãe?”

Escura ruído.

Rapidamente abre a porta do quarto e vê a mulher nua, trêmula na cama.

Debaixo, uma nesga de perna que treme.

Manda sair.

É o Maurício.

“do livro Azarinho e o Caga-Fogo, de 2014, do autor.”

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