REINALDO SILVA
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A mensagem de áudio enviada na madrugada de domingo (26) era um pedido de socorro. “Liga pra polícia urgente. Liga pra polícia, tem alguém aqui na minha porta. Corre.”
O apelo seguiu em forma de texto: “Tem um cara dentro de casa. Chamem a polícia. Urgente. Tem gente aqui”.
Passava pouco das 3h quando a família moradora do Jardim São Jorge, em Paranavaí, ouviu barulhos vindos do quintal. Um homem pulou o portão e tentou abrir a porta da cozinha.
Assustadas, mãe e filha recorreram ao grupo de vizinhos no WhatsApp e foram prontamente atendidas. Os participantes se mobilizaram e acionaram a Polícia Militar e em menos de 15 minutos uma viatura chegou ao local e impediu que o assaltante entrasse na casa.
Às 3h24 elas informaram que estava tudo bem e às 9h12 agradeceram “pela grandiosa e valorosa solidariedade que nos prestaram esta madrugada. Deus abençoe cada um de vocês”.
Em entrevista ao Diário do Noroeste, a filha – que pediu para não ser identificada – contou como foi a experiência. “Levamos um susto. A gente não espera que isso aconteça. Ficamos com medo que ele estivesse armado ou com outras pessoas.”
Os minutos de tensão pareciam nunca acabar. Enquanto a família permanecia trancada dentro do quarto por medida de segurança, a cachorra de estimação latia incessantemente no quintal.
Apesar do medo, a preocupação dos vizinhos parecia ser reconfortante. Os que estavam acordados e viram as mensagens acenderam as luzes de casa numa tentativa de intimidar o invasor.
A mobilização mostrou solidariedade, “preocupação com o próximo e como o outro está se sentindo”, disse a moradora. “Um cuida do outro”, acrescentou.
O grupo de vizinhos solidários existe desde 2018 e é formado pela maioria das famílias, apenas algumas pessoas preferiram não fazer parte – mesmo assim, sempre que há alguma movimentação diferente na rua, são informadas por segurança em mensagens privadas.
A tenente Bruna Fernandes, oficial de Comunicação Social do 8º Batalhão de Polícia Militar de Paranavaí, reconheceu a iniciativa como importante e necessária. “Um cuida da casa do outro. Às vezes a pessoa vai viajar e a casa fica sozinha; o vizinho vê um movimento estranho e aciona a PM.”
Ela sugeriu adicionar o maior número possível de moradores próximos, assim a rede de contato cresce e o apoio é mais consistente. O contato com a PM deve ser feito em qualquer situação suspeita, por exemplo, se vir alguém ou ouvir algum barulho. O número para contato é 190.
Curiosidade – A moradora contou que em dado momento da tentativa de assalto no Jardim São Jorge, o invasor foi acuado no quintal pela cachorra de estimação e era possível ouvir enquanto pedia para que chamassem a polícia para que conseguisse sair dali sem ser atacado pelo animal. Depois do susto, um motivo para rir e ter histórias para contar.