SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em nova operação que investiga possíveis manipulações de resultados em partidas de futebol, o Ministério Público de Goiás (MPGO) apura a suspeita de fraude em sete partidas, entre jogos do Campeonato Brasileiro de 2022 e dos estaduais de Goiás e da Paraíba de 2023.
Entre as partidas sob investigação da terceira fase da operação Penalidade Máxima, está o duelo entre Avaí e Flamengo referente ao segundo turno do Brasileiro do ano passado, que terminou com uma vitória de 2 a 1 do clube catarinense.
Também estão na mira do MP duas partidas envolvendo o Náutico pelo segundo turno da Série B do Brasileiro de 2022, contra Sampaio Corrêa e Criciúma.
Há ainda duas partidas pelo campeonato goiano de 2023, entre Goiânia e Aparecidense; e entre Goiás e Goiânia. E duas pelo campeonato paraibano deste ano, entre Nacional e Auto Esporte; e entre Sousa e Auto Esporte.
A operação de hoje é desdobramento das Operações Penalidade Máxima I e II, deflagradas em fevereiro e abril de 2023, respectivamente, que resultaram em três denúncias, com 32 pessoas acusadas de crimes de integrar organização criminosa e corrupção em âmbito desportivo.
A investigação do MP apura a conduta de grupo criminoso que visava a aliciar jogadores profissionais com oferta de valores financeiros elevados para realização de eventos como punição com cartão amarelo, vermelho, cometimento de pênalti ou placar parcial na partida. A prática viabilizava aos seus integrantes obter lucros em sites de apostas esportivas.
A operação desta terça-feira teve como finalidade cumprir 10 mandados de busca e apreensão em oito municípios de cinco estados: Goiânia (GO), Bataguassu (MS), Campina Grande (PB), Nilópolis (RJ), Santana do Parnaíba (SP), São Paulo (SP), Volta Redonda (RJ) e Votuporanga (SP).
Como resultado das fases anteriores da operação, em maio, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiu banir do futebol o volante Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário.
O jogador afirmou que os líderes do esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro disseram a ele que tinham jogadores de Cruzeiro, Atlético Mineiro e Avaí em seu rol de atletas que teriam aceitado o pagamento para corroborar apostas em sites feitas pelo grupo.
“Cruzeiro, Avaí, Santos eles chegaram a falar [que também teriam jogadores envolvidos] e, na época, acho que foi Atlético-MG [também]”, afirmou Romário, na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Apostas Esportivas.
Já em setembro, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) tornou mundial a punição de 11 jogadores brasileiros envolvidos em esquemas de apostas esportivas. As sanções, que foram determinadas pela Justiça desportiva brasileira e só valiam no próprio Brasil, passaram a ter vigor em todos os países filiados à entidade.
Três desses atletas foram banidos da modalidade, Ygor Catatau, Gabriel Tota e Matheus Gomes. Os demais receberam ganchos que variam de 360 a 720 dias. De acordo com o comunicado da Fifa, todos, no momento, estão “proibidos de participar de qualquer tipo de atividade relacionada ao futebol”.
A entidade citou o artigo 70 de seu código disciplinar, que estabelece a aplicação mundial de penas locais em casos de “infração grave”. O artigo cita justamente a manipulação de partidas como uma das situações em que as confederações nacionais devem entrar em contato para solicitar a ampliação da abrangência da pena.
Alguns dos punidos deixaram o Brasil e assinaram com clubes do exterior. Foi o que fez o zagueiro Eduardo Bauermann, 27, que estava no Santos e foi jogar no Alanyaspor. Logo após o anúncio da Fifa, porém, a agremiação turca anunciou a rescisão do contrato, “conforme protocolo previamente estabelecido”.