LUCIANO TRINDADE
DA FOLHAPRESS
Em seu livro “Cabeça Fria, Coração Quente” (Garoas Livros, 2022), Abel Ferreira descreve o que considera a fórmula para vencer o Campeonato Brasileiro. Segundo o técnico do Palmeiras, nos últimos cinco anos, a principal diferença do campeão para os demais postulantes ao título foi o aproveitamento contra os times que estão na parte de baixo da tabela, contra os quais, ele diz, não se pode desperdiçar pontos.
“Isso demonstra a enorme importância desses jogos, muitas vezes menosprezados dentro e fora do clube, na posição final da tabela de classificação”, escreveu o treinador português que está prestes de alcançar o segundo título brasileiro pelo alviverde.
Nesta quarta-feira (6), somente uma improvável combinação de resultados tiraria o troféu do Palmeiras. O líder do Nacional soma 69 pontos, ainda poderia ser alcançado em pontos e vitórias por Atlético Mineiro e Flamengo, mas tem um saldo de gols amplamente favorável: 31, contra 23 dos mineiros e 15 dos cariocas.
Além disso, como o Cruzeiro, adversário que a alviverde enfrentará às 21h30, no Mineirão, está apenas na 14ª posição, a probabilidade de a formação palmeirense conquistar mais uma vitória é grande. Em partidas contra os times que estão da 11ª a 20ª, o aproveitamento do time alviverde é de 78,9%.
Foram 14 vitórias, três empates e somente duas derrotas, nos confrontos contra aqueles que figuram na segunda metade da tabela de classificação. O rendimento do Palmeiras nesses jogos é o melhor entre os clubes que brigaram pelo título até a penúltima rodada: Atlético Mineiro (56,1%), Flamengo (53,3%), Grêmio (68,3%), Botafogo (51,7%) e Red Bull Bragantino (66,6%).
Ainda que, como escreveu Abel, alguns desses jogos sejam menosprezados, sobretudo, em comparação a duelos contra os rivais diretos pelo título, como o volume deles é maior, o peso na classificação também é.
Enquanto um time tem 20 confrontos com os dez últimos colocados, somando as partidas em casa e fora, na outra ponta, são apenas 10 duelos diretos, tendo como recorte o grupo dos seis primeiros colocados.
Entre os times que fecharam a 37ª rodada no G6, aliás, o Palmeiras é o que tem o pior aproveitamento no confronto direto, apenas 30%, com duas vitórias (Grêmio e Botafogo), três empates (Atlético Mineiro, Red Bull Bragantino e Flamengo) e cinco derrotas, uma diante de cada um dos times que brigaram pelo título.
Considerando apenas esses jogos, Flamengo e Botafogo, ambos com 53,3%, são os clubes que tiveram o melhor aproveitamento.
Líder do campeonato ao longo de 30 rodadas consecutivas, o time de General Severiano, porém, acumulou somente pouco mais da metade dos pontos contra rivais da segunda metade da tabela, 51,67%, com oito vitórias, sete empates e cinco derrotas.
Um campeão brasileiro será rebaixado na última rodada do campeonato Ainda que a dolorosa derrota de virada para o Palmeiras, por 4 a 3, depois de abrir 3 a 0 na primeira etapa, possa ser considerada o momento chave para o desfecho desta edição, os pontos que o Botafogo perdeu no segundo turno para Cruzeiro, Coritiba, Santos, Vasco, Cuiabá, Goiás e Corinthians também pesaram.
Com 64 pontos, sem vencer há dez jogos, o Botafogo não somente se despediu da briga pelo título como também pode terminar a competição fora do grupo dos quatro primeiros colocados. Nesta quarta, o time carioca enfrenta o Internacional, em Porto Alegre. Para ficar com uma vaga direta na Libertadores, além de vencer, precisa torcer por um tropeço do Grêmio contra os reservas do Fluminense, já de olho no Mundial.
Outro que apenas cumpre tabela, mas pode influenciar na parte de cima da tabela, é o São Paulo, rival do Flamengo, no Morumbi. O Atlético Mineiro, por sua vez, encara o Bahia, o mais ameaçado de rebaixamento neste momento. Goiás, Coritiba e América Mineiro já caíram. Vasco e Santos são os outros que vão jogar a última rodada sob risco de queda.