REINALDO SILVA
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A produção da Cooperativa de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí (Coopervaí) caiu de 170 para menos de 100 toneladas por mês. A redução drástica tem efeitos diretos sobre a remuneração e compromete a renda familiar dos 50 cooperados. “É um número muito expressivo”, diz a assistente administrativo Vera Márcia Teixeira de Lima.
O desempenho da Coopervaí nos últimos meses pode ser explicado pelas dificuldades econômicas agravadas pela pandemia de Covid-19. Com a taxa de desemprego em 14,7% (14,8 milhões de brasileiros) no primeiro trimestre de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve queda no consumo e, consequentemente, no descarte de itens recicláveis.
Existe, ainda, outro fator preponderante: a alta no índice de desocupação obriga a buscar fontes alternativas de renda, uma delas, a coleta autônoma. Sem a pretensão de desvalorizar o trabalho de quem recolhe materiais recicláveis de maneira independente da Coopervaí, Vera Márcia afirma que a interferência nos resultados é notável. A quantidade de produtos que chegam à cooperativa despencou na mesma medida em que o número de catadores informais cresceu.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Walther Barbosa de Camargo Neto, reforça a análise. É cada vez mais frequente, em todos os bairros da cidade, os autônomos recolherem os materiais recicláveis antes que passem os caminhões da empresa de coleta seletiva que presta serviços para a Administração Municipal.
Conscientização – A assistente administrativo da Coopervaí também aponta a necessidade de investir em campanhas de conscientização dos moradores quanto à importância da separação correta do lixo. Parte do que chega à cooperativa não pode ser utilizada por causa da contaminação: restos de comida, seringas, fraldas descartáveis, papel higiênico usado e até animais – mortos e vivos. Uma vez, conta Vera Márcia, encontraram um jabuti vivo. Recentemente, uma tartaruga de água morta.
Uma campanha sobre a destinação correta do lixo deverá ter início ainda este mês, com uso de outdoors em diferentes pontos da cidade. A expectativa de Camargo Neto é que até o dia 25 sejam afixados oito anúncios. Antes da pandemia, informou, a equipe da Secretaria de Meio Ambiente fazia visitas a escolas, com orientações sobre o assunto. A necessidade de distanciamento social, no entanto, interrompeu a ação.
A orientação é que os moradores façam uma breve higienização das embalagens antes de descartar. Mais do que isso, que separem devidamente lixo doméstico e materiais recicláveis. Quanto melhor for o aproveitamento dos produtos, maior será o rendimento dos cooperados. Da mesma forma, a comportamento adequado prolongará a vida útil do aterro sanitário, onde são depositados os resíduos sólidos orgânicos.
O secretário municipal de Meio Ambiente informa que 100 toneladas de lixo doméstico são descartadas por dia no aterro sanitário de Paranavaí, que também recebe resíduos sólidos urbanos de outros municípios da região. A estimativa é que a o espaço utilizado atualmente, a quinta célula em uso, tenha duração de cinco anos.
Gestão consorciada – Por enquanto, o gerenciamento do aterro sanitário de Paranavaí é de responsabilidade da Administração Municipal, mas existe interesse em transferir a gestão para o Consórcio Intermunicipal Caiuá Ambiental (Cica), a exemplo de Amaporã e Santo Antônio do Caiuá.
A chamada gestão consorciada dos resíduos sólidos urbanos permite desenvolver ações conjuntas, planejar, regular e executar atividades ou prestação de serviços públicos que alcancem parte ou todos os municípios que integram o grupo. Alcança-se maior eficiência na utilização de recursos, inclusive com prolongamento da vida útil dos aterros sanitários.
Vera Márcia Teixeira de Lima fala da importância da conscientização sobre a separação do lixo
Foto: Ivan Fuquini
Walther Barbosa de Camargo Neto destaca a importância do aterro sanitário
Foto: Prefeitura de Paranavaí