Fraternidade e amizade social
A Campanha da Fraternidade é um modo concreto de vivenciar a conversão quaresmal. Contemplando os crucificados de nosso tempo, anunciamos a esperança da Ressurreição. Como toda forma de conversão, o tema desse ano nos desafia, nos desinstala, pois nos convida a sair de nossa zona de conforto para olhar além de nossa realidade – isso é quando a pessoa mesma não está envolta de formas de inimizade e violência.
Em sua 60º edição, a Campanha traz como tema “Fraternidade e amizade social”. O lema bíblico escolhido para esse ano é retirado do Evangelho de São Mateus: “Vós sois todos irmãos”. A coleta nacional da solidariedade, que ajuda inúmeras instituições, acontecerá no dia 24 de março.
Refletindo sobre grande dom da amizade, a campanha apresenta três objetivos, segundo a Conferência dos Bispos do Brasil. O primeiro é incentivar as pessoas a verem as situações de inimizade em suas vidas. O segundo, é impulsionar as pessoas a iluminarem-se pelo Evangelho, enquanto elemento que une e congrega a todos como a grande família humana. O terceiro e último objetivo é ser canal de conversão nesse tempo quaresmal, na construção de relações mais fraternas e humanas.
Compreender Deus como “Pai nosso” (cf. Mt 6,9) é o fundamento e a grande diferença entre a fraternidade cristã e os outros modos de organização comunitária ou social. Primeiro, expressa a relação de Deus com seu Filho (cf. Jo 6,14). Depois, apresenta Jesus-irmão que estabelece a unidade fraterna de todo ser humano (cf. Mt 23,8; 25, 25,31-48). Aqui, o pressuposto da fé é essencial para compreensão da autêntica fraternidade cristã. Ela deve se traduzir numa nova atitude para com Deus e diante do próximo reconhecido como irmão (cf. Lc 10, 25-37).
Essa fraternidade cristã, contudo, não se apoia tanto nos laços naturais, mas na força do Espírito Santo. O atestado de que somos filhos de Deus é oriundo do Espírito mesmo, princípio vivo do amor entre os seres humanos (cf. Rm 8, 16). A paternidade, portanto, é comunicada por Cristo no Espírito. Deus é o Pai de Cristo. Nós, por nossa vez, somos filhos “em Cristo” mediante o Espírito Santo.
Por isso, nesse tempo quaresmal, como uma conversão para a vida toda, somos convidados à estabelecer relações de respeito e acolhida. Somos diferentes uns dos outros, mas isso não deve ser visto como um elemento de conflito. Antes, deve ser visto como um elemento de complementariedade e unidade. Por isso, lhe convidamos a olhar-se para si buscar meios para superar situações de desrespeito, indiferença, preconceito, exclusão, violência…
Que tal fazermos uma revisão de vida para encontrar possíveis traços de inimizade? Jejum de que você precisa fazer para crescer na amizade social? Como sua relação com Deus tem feito sua conduta de vida mudar? Quais são os dons que você pode oferecer?
Frei Edimar Fernando Moreira, O.Carm.