Os aparelhos celulares fazem parte da rotina dos brasileiros. A 34ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGVcia), aponta que 249 milhões de smartphones são utilizados no Brasil, o que resulta em uma média de 1,2 dispositivo por pessoa. Com mais de um dispositivo ativo por habitante, o alerta vai para o uso excessivo dos aparelhos, que pode resultar em lesões em tendões e nervos da mão.
Segundo Luciano Drigo, médico especialista em cirurgia de mão no Hospital São Vicente, esse hábito pode originar quadros de tendinite ou neuropatia compressiva, que apresentam sintomas como dores no local, dificuldades para estender ou flexionar os dedos, sensação de estalos e rangidos ao movimentar as extremidades da mão, edemas e inchaços nessa região, bem como vermelhidão no trajeto do tendão. Em caso de problemas no nervo, ainda é possível o registro de formigamento ou amortecimento.
Os sinais de alerta apontam para o uso desmedido dos celulares que, hoje, já é uma realidade entre os brasileiros. De acordo com levantamento da empresa de tecnologia ElectronicsHub, no Brasil, os usuários passam mais de nove horas por dia em frente a telas – nove horas e 32 minutos. Apenas os usuários da África do Sul apresentaram maior tempo de uso no estudo, com nove horas e 38 minutos.
“A maioria das pessoas que desenvolvem essas patologias apresentam uma pré-disposição para elas, seja hereditária ou ocupacional. Ou seja, que não praticam atividades físicas, que não fazem alongamento ou algum esporte. A primeira recomendação que faço para essas pessoas é afastar o agente causador – que, no caso, é o uso excessivo do celular. Ao afastá-lo, vamos investigar as demais causas e tratar diretamente essas condições”, explica Drigo.
Ao identificar a existência de algum dos sintomas, é fundamental que o paciente busque auxílio médico especializado. Segundo o especialista, essas condições, caso não sejam tratadas corretamente, podem acarretar na necessidade de procedimento cirúrgico para a descompressão. “Quando mexemos com o nervo, o risco é sempre maior, porque é um tecido muito específico e sensível. O paciente, provavelmente, terá que ficar afastado das condições cotidianas, em média, de um a dois meses.”, prossegue.
O diagnóstico precoce pode auxiliar o paciente a identificar qual a patologia exposta e, ainda, evitar possíveis desdobramentos da doença. Na maioria dos casos, a consulta médica junto a um especialista garante o diagnóstico correto, o que permite o início do tratamento para a condição.