Logo, fé e opção preferencial pelos pobres conectam-se. O papa Francisco insiste em dizer que deseja uma “Igreja pobre para os pobres”.
Intenta-se, pois, superar as ambições, o consumismo e a insensibilidade diante do sofrimento de tantas pessoas.
– Afirmou o Papa Bento XVI, na abertura da Conferência de Aparecida: “A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós para nos enriquecer com a sua pobreza” (Dap,3).
Logo, a opção preferencial pelos pobres não é “um apêndice da fé cristã”. A inclusão social dos pobres deriva da fé em Cristo, que se fez pobre e se aproximou de modo muito especial e prioritário dos pobres e marginalizados (EG,186). Trata-se, pois, da fidelidade ao evangelho e não de um adereço ou de um adesivo à parte, ou, ainda de uma proposta imagética ou interesseira de alguém inspirado.
= Pensar uma sociedade propícia à convivência é atitude sublime. Engajar-se e assumir um estilo de vida para o encontro e para a fraternidade exige amar com ternura, isto é um amor “(…) que se torna próximo e concreto”
“É um movimento que brota do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos”. (FT,194). Precisa-se, pois, aprender a conviver.
A solidariedade é o gesto de compreender o outro como outro e não como objeto de sensibilidade ou de compaixão. Significa manter esse outro como sujeito na relação, esteja próximo ou distante, e não apenas como relação de sujeito e objeto, mas sujeitos com igual dignidade (DEMO, 2002 P. 259).
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Assim como o decálogo recebido no Sinai vai se tornando aos poucos toda a Lei anunciada no AT, também os desdobramentos dessa Lei vão amadurecendo até atingirem a plenitude no anúncio e no exemplo de Jesus Cristo.
= Em sua pessoa, Ele oferece o encontro definitivo que transforma a lógica da Lei em lógica da graça, que faz com que o Reino de Deus passe de projeto a dádiva e alcance sua forma plena.
É importante compreender, no entanto, que ao mesmo tempo que Jesus permite ao ser humano alcançar as realidades salvíficas mais profundas por dom e graça, Ele também cria um caminho ético que precisa ser assumido com todo esforço humano por quem deseja alcançar tais dádivas. = E ESSE CAMINHO É A FRATERNIDADE.
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Se recebemos a adoção filial em Jesus (cf. Rm 8,15-17), o único e verdadeiro Mestre, então entendemos o coração do discurso de Jesus: “todos vós sois irmãos” (Mt 23,8) e, adiante, “o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve” (v.11)…
O cristão iniciado que fez a experiência verdadeira do encontro com Jesus, sabe bem que é o próprio Senhor o modelo dessa conduta: Ele mesmo “existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de Servo e tornando-se semelhante ao ser humano (Fl 2,6-7).
= Nesta constatação, Paulo considera justo exortar: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5).
Assim, os primeiros sentimentos que deviam configurar o cristão que se encontrou com Jesus, são aqueles que, por primeiro o caracterizam: = compaixão, disposição de serviço, misericórdia, benevolência, fraternidade aberta a todos.
= A Nova Aliança, em Jesus é comunidade na qual todos são irmãos, porque estão unidos pelos vínculos do amor a exemplo do Mestre.
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.
(manual da C.F. 2024 e Frateli Tutti)