ADÃO RIBEIRO
Em momento de intensas conversações de bastidores, as eleições parlamentares de 2022 vão tomando forma. E um nome novo surge no cenário regional a partir do espaço deixado pelo deputado estadual Tião Medeiros, pré-candidato a uma cadeira na Câmara Federal. Trata-se do prefeito de Terra Rica, Julio Leite, pré-candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa.
Presidente da Amunpar – Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense –, Julio adverte que o seu pleito está condicionado a um grande entendimento regional. Para alcançar tal objetivo, vem conversando com os prefeitos das cidades da região. A pandemia de Covid-19 restringiu os contatos pessoais. Ainda assim, afirma que já falou pessoalmente com cinco prefeitos e obteve deles o compromisso de abrir espaço para o novo projeto, caso seja viabilizado.
A ideia de se lançar candidato passa por alguns fatores. Um deles é a liderança do deputado Tião Medeiros, que agora postula integrar o parlamento em Brasília. Entende que o grande trabalho de Medeiros o credencia para o novo desafio e também deixa uma “herança” que pode ser aproveitada pela região com amplo diálogo e apresentação de candidaturas viáveis.
Ele acredita que o Noroeste pode eleger um deputado federal e até três estaduais, dependendo do comprometimento das lideranças e da adesão popular. Por isso, só vai se lançar dentro desse projeto. Tanto que avalia como legítimas as movimentações ou pretensões de outros prefeitos, incluindo Fran Boni, de Santa Cruz de Monte Castelo, e Vico Bono (Otávio Henrique Grendene Bono), de Nova Londrina.
Todo esse processo está atrelado a outra condição essencial: o posicionamento de Paranavaí. Para Julio Leite, o prefeito de Paranavaí Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ) tem um caminho pavimentado caso decida se candidatar. No entanto, existiria a informações que a tendência neste momento é de que KIQ não dispute, já que pesam nesta decisão questões pessoais (opção pela família).
Se o paranavaiense se candidatar, analisa, é bastante viável, com nome de abrangência regional. KIQ disse recentemente ao DN que avalia a possibilidade. O atual presidente da Câmara de Vereadores, médico Leônidas Fávero Neto (também possível postulante), entende que prazo final para uma definição é o mês de julho.
Caso seja descartada a possibilidade de KIQ disputar, Julio vê no presidente da Câmara de Vereadores outro bom nome, mas com menos apelo regional. As alianças teriam que ser construídas, entende, reconhecendo que o edil sairia com votação expressiva de Paranavaí.
Dificuldade de renúncia – Prefeitos que são postulantes têm uma dificuldade extra: devem renunciar aos cargos em março do ano que vem, abdicando de 2 anos e 9 meses de mandato no Executivo. Mais do que o cargo, prefeitos abrem mão de objetivos e de projetos em andamento. No seu caso, Julio informa que já conversou com a vice-prefeita Ana Marta da Silva Salomão (Martitnha). Além de preparada, ela contaria com o seu apoio enquanto necessitar. Também há o compromisso de manter a equipe administrativa.
Conta ainda favoravelmente ao prefeito uma consulta feita na cidade. Segundo ele, o trabalho apontou que mais de 75% dos eleitores de Terra Rica ouvidos disseram sim ao serem questionados sobre a renúncia para pleitear a vaga na Assembleia Legislativa. Confiante, entende que sairia da cidade com cerca de 7 mil votos. O município tem 12.400 aptos a votar e no último pleito foram 9.600 votos válidos. É a terceira maior cidade da região em termos populacionais.
O problema está na busca dos demais votos e, por isso, a necessidade do entendimento regional. O prefeito avalia que a viabilidade se dá a partir dos 35 mil votos. Este número, aliás, reforça a necessidade para o grande consenso. Ele prevê que se as candidaturas saírem de forma independente, todas farão boa votação, mas sem chances de vitória. Por isso, insiste, seu nome só está disponível se for com apoio regional.
Partido – Atualmente no PSD (partido do governador Ratinho Júnior, de quem é aliado), Julio interpreta que será preciso mudar de sigla para ser viável. Isso porque há muitos nomes de projeção no PSD. Já recebeu convite do Republicanos e de outros, ainda em fase preliminar. Em resumo: Julio Leite é jovem (tem 37 anos), está com disposição, mas só vai para a disputa se for resultado de um amplo diálogo. Ainda como conclusão: o seu apoio ao deputado Tião Medeiros e ao governador Ratinho Júnior.
Presidente da Amunpar – Na condição de presidente da Amunpar, Julio Leite fala de desafios administrativos. A região viveu problemas graves no começo do ano com a segunda onda da pandemia de Covid-19. Havia falta de leitos e de oxigênio. A situação melhorou, mas continua refletindo nas finanças públicas. Os municípios arcam com despesas extras e até agora não receberam a ajuda federal que houve em 2020. A expectativa é que esta receita venha nos próximos meses.
Ele cita o caso de Terra Rica para exemplificar. A cidade conta com hospital municipal que teve aumento na necessidade de investimento. É preciso uma contrapartida para fazer frente às despesas. O fato de muitos prefeitos terem assumidos os cargos pela primeira vez em janeiro deste ano trouxe uma dificuldade extra, superada com o auxílio dos mais experientes.
O sonho do desenvolvimento regional – A Região Noroeste debate nas últimas décadas uma opção sustentável de desenvolvimento regional. Hoje ela se apresenta viável, explorando o turismo com base nas belezas naturais da região.
A região conversa com o Governo do Estado e com a Usina Hidrelétrica de Itaipu para grandes investimentos na infraestrutura, desde Marilena, passando por Porto Rico e chegando a Jardim Olinda. Os rios são grandes atrativos, analisa. O turismo poderia se juntar a outra vocação local: a agricultura. Para tal, defende a melhoria das estradas e da infraestrutura em geral.
O presidente vê na hidrelétrica uma possibilidade real, já que a empresa dispõe de capacidade de investimento. Júlio lembra que atualmente o recurso é aplicado apenas nos municípios próximos, concentrando grandes investimentos. Analisa que não é justo, uma vez que os rios Paraná, Ivaí e Paranapanema também contribuem para a formação da bacia em Foz do Iguaçu que move a usina.
Ela investe R$ 1,4 bilhão nos chamados municípios lindeiros. Com R$ 400 milhões, o Noroeste mudaria a sua história, justifica, complementando que há boa vontade por parte das lideranças de Itaipu e também do Governo do Estado no projeto. O secretário de Planejamento, Valdemar Bernardo Jorge, esteve recentemente na região fazendo uma avaliação do potencial turístico e elencando possíveis investimentos por parte do Estado.
Julio Leite é jovem liderança regional e se coloca como possível candidato a deputado estadual (O uso da máscara foi interrompido apenas para fazer a foto e em condições de distanciamento)
BOX
OPINIÃO
O exemplo de maturidade política deve partir de Paranavaí
Na avaliação do prefeito Julio Leite, Paranavaí exerce a função de liderar a região. Por isso, a maturidade política deve partir da cidade, buscando o entendimento da classe política. Cita que Paranavaí não pode lançar 2 ou 3 postulantes a deputado federal, sob pena de não eleger ninguém. Por outro lado, o consenso em torno de um nome seria uma mensagem importante capaz de mobilizar as cidades vizinhas. O mesmo vale para deputado estadual.
“O racha que tem aqui não facilita”, opinou, sem citar nomes ou eventuais responsáveis. O certo é que Paranavaí deve exercer a liderança que já tem naturalmente por conta do seu potencial econômico e populacional. Ele exemplifica que um deputado federal tem R$ 16 milhões em emendas para designar aos municípios, fora outras verbas que o parlamentar pode buscar junto aos ministérios.