Aos 65 anos, Maria Neuza da Silva é uma figura conhecida em Paranavaí por seu trabalho artesanal na construção de calçadas, especialmente no estilo petit pavê, utilizando a técnica da pedra portuguesa. Seu envolvimento nesse ofício tem raízes familiares, do tempo em que seu pai era o responsável por esse tipo de serviço na cidade e na região.
“O serviço de ‘pedrinha’ começou com o meu pai”, conta Maria Neuza. “Ele que fazia o trabalho de calçada aqui em Paranavaí. Tem muita calçada por aí que foi meu pai que fez, no calçadão, praças, e outros lugares.”
Com a necessidade de sustentar sua família, Maria Neuza encontrou na construção de calçadas uma fonte de renda. “Na época eu fazia pão para vender, porque eu tinha dois filhos pequenos para criar e estava desempregada”, recorda ela. “Mas era muito difícil porque eu vendia fiado e as pessoas acabavam não pagando. Então meu pai começou a me levar para lavar a calçada, porque na época construía e lavava depois.”
Assim, Maria Neuza aprendeu o ofício ao lado de seu pai, ajudando na construção e aprendendo os segredos do trabalho. Eventualmente, ela se viu trabalhando sozinha, assumindo grandes desafios com coragem e determinação. Segundo ela, o primeiro trabalho não foi nada fácil. “Peguei o serviço e quando olhei, vi aquela calçada enorme, toda destruída. Falei ‘meu Deus, será que vou conseguir fazer esse serviço sozinha?’ Fiquei insegura, porque antes meu pai estava ao lado e era diferente. Quando acabei, fiquei muito feliz porque acreditei e consegui fazer”, relata feliz.
Nada foi fácil para ela, que superou muitos desafios no trabalho e fora dele. “Enfrentei muito preconceito que chegava a ser humilhante, mas eu não desisti e acreditei”, diz. “Estou até hoje fazendo esse trabalho, qualquer calçada e qualquer desenho eu faço.”
Com orgulho, ela destaca seu estilo característico, o petit pavê, como sua especialidade. “Eu tenho muito orgulho de mim mesma quando vejo um serviço que fiz com as minhas mãos, porque é um serviço bem artesanal, é tipo um quebra-cabeça”, diz ela. “O meu forte é o petit pavê, a pedra portuguesa.”
