BRAGANÇA PAULISTA, SP (UOL/FOLHAPRESS)
O sentimento comum entre a torcida do Botafogo é de apoio ao norte-americano John Textor, presidente da SAF do clube, pela declaração de indícios de corrupção na arbitragem brasileira.
TORCIDA ABRAÇA DIRIGENTE
Botafoguenses ouvidos em Bragança Paulista afirmaram que estão “fechados” com Textor. A reportagem conversou com grupos de alvinegros antes da classificação sobre o Red Bull Bragantino, no Nabi Abi Chedid, para a fase de grupos da Libertadores.
Eles disseram que acreditam que o mandatário tem provas para sustentar o que disse. O histórico de Textor como empresário e dono de clubes pelo mundo embasa a argumentação daqueles que confiam que o cartola não “sujaria” sua imagem fazendo declarações sem evidências.
A frase “ele não é louco” foi dita por diversos entrevistados. Durante as conversas, foram citados escândalos antigos do futebol brasileiro, como a Máfia do Apito e o esquema de manipulação de resultados que estourou no ano passado, para questionar a idoneidade do futebol brasileiro.
Também negaram que seja um “choro” pela derrocada no Brasileiro do ano passado, quando o time perdeu “na bola”.
“Ele não é louco, não ia falar isso sem ter provas”, diz Marcos, botafoguense, ao UOL.
Os torcedores defendem que Textor vai apresentar provas e que elas podem ter efeito no esporte. Eles ponderaram que, independentemente de a suposta evidência ser na elite nacional ou em uma divisão inferior, um possível caso de corrupção servirá para que a fiscalização seja maior e que outros clubes possam apoiar a denúncia nesse caso.
Eles deram crédito ao presidente, que reacendeu a esperança no time o norte-americano virou presidente em 2022. Uberlan brincou que Textor foi “gênio” por ter feito a declaração antes do jogo decisivo contra o Red Bull Bragantino: “Achei ótimo, ninguém falou do jogo durante a semana, jogadores estão tranquilaços”.
A maioria dos botafoguenses “abraçou” o presidente, mas tem quem ficou com um pé atrás. “Ele é dodói da cabeça”, disparou Hugo. Já Luiz Felipe cobrou que Textor se afaste do dia a dia do clube caso não consiga bancar a declaração. Outros botafoguenses ponderaram que eventuais punições ao presidente da SAF não devem respingar no clube.
“Fico com um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo que quero que ele mostre [provas], não quero para não afetar o sentimento [pelo futebol]. Mas alguém acredita que não tenha manipulação? Se ele não provar, acho que deve se afastar do Botafogo, deixar os diretores comandarem”, diz Luiz Felipe, torcedor do Botafogo, ao UOL.
John Textor não viajou com a delegação do Botafogo para a cidade do interior de São Paulo. Depois da partida, ele participou da comemoração do elenco por meio de uma chamada de vídeo.
DENÚNCIAS DE TEXTOR
Na semana passada, Textor afirmou que tem “juízes gravados reclamando de não receberem suas propinas”. Ele deu a declaração após a vitória por 2 a 1 sobre o Bragantino, em um áudio divulgado pelo ‘ge’.
Ele deu um prazo de 30 dias para divulgar as provas e “o que realmente aconteceu” no Brasileirão de 2023. Além disso, disse que não deveria ter sido processado pela CBF.
“Os juízes na corte esportiva não deveriam estar fazendo piadas com ninguém sobre manipulações e erros. Alguém dizer que não há corrupção no Brasil, quando eu tenho juízes gravados reclamando de não terem suas propinas pagas… Talvez a CBF não devesse me processar. Eu não acusei o Ednaldo (Rodrigues, presidente da CBF). Nunca disse nada sobre ele. Ele não é um corrupto. Ele é um homem que comanda uma organização que provavelmente precisa administrar melhor a corrupção externa. Porque é uma batalha contra fatores externos. É uma batalha que existe e está aqui. Houve manipulações e erros em 2021, 2022, 2023, e nós temos provas.”
“O apoio da torcida nesta noite vai nos trazer um técnico. Temos técnicos tops de todo o mundo me procurando e temos uma decisão difícil a tomar. As pessoas querem estar no Botafogo. Nos últimos jogos do ano passado, o ódio foi tão forte que foi muito difícil para nós assistirmos. Não pode ser assim. Não vamos ganhar campeonatos assim. E os fãs vão ficar sabendo, nos próximos 30 dias, o que realmente aconteceu no campeonato. Eles sabem o que eu sinto sobre isso, mas eu não vou divulgar isso na imprensa. É irresponsável.”
Dias depois, ele voltou a falar do áudio que teria em sua posse para revelar um caso de corrupção no futebol brasileiro. O executivo disse que a partida citada na gravação seria de “uma divisão menor” e que o árbitro em questão tem “sotaque carioca”.
Ainda segundo ele, o áudio foi validado por um “funcionário ligado à CBF“. Textor ainda diz que a gravação esteve em posse da polícia e de governantes e mencionou um jogo entre Fortaleza e Palmeiras, mas isentou os times de culpa.
Em nota, a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) repudiou as acusações. A entidade ainda cobrou que Textor apresente provas.