REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
O produtor rural Osmar Alves Cavalheiro está otimista. Acredita que a fruticultura como atividade comercial possa se tornar uma alternativa de renda. Espera “ter um horizonte mais promissor no futuro”.
Na manhã desta sexta-feira (15), ele participou do 1º Encontro Técnico de Fruticultura de Nova Aliança do Ivaí, que reuniu agricultores familiares interessados em expandir as possibilidades de produção. O evento foi organizado a partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Agricultura e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR).
“Seo” Osmar conta que a propriedade na área rural de Nova Aliança do Ivaí é pequena. Cultiva algumas plantas cítricas, todas para o consumo próprio, mas reconhece que o avanço do greening pode comprometer a produção. Nos últimos anos, a doença se espalhou pelos pomares comerciais e expôs a necessidade de intensificar as medidas de controle, uma delas, a erradicação de árvores contaminadas.
Nova Aliança do Ivaí reúne aproximadamente 300 produtores rurais, entre pequenos, médios e grandes. A pecuária figura como principal atividade, mas também há produções pontuais de frutas, a exemplo da melancia, do maracujá e do abacaxi. “Queremos aumentar essa gama, queremos aumentar esse público”, diz a secretária municipal de Agricultura, Bruna Lisboa Moreira.
O gerente regional do IDR-PR, José Jaime de Lima, garante que a Região Noroeste tem características favoráveis para algumas culturas e cita maracujá, abacaxi, banana, mamão, goiaba e abacate. Explica que a combinação do solo arenoso com as altas temperaturas pode garantir frutas mais doces do que em áreas predominantemente argilosas.
“Estamos tentando alcançar as vilas rurais”, diz secretária
Este cálculo pode ser um incentivo para os produtores: em uma propriedade de um hectare, a fruticultura gera renda até quatros vezes maior do que outras atividades – lavouras, pastagens, pecuária leiteira.
Nesse sentido, o cultivo de frutas se mostra como uma alternativa viável, especialmente para o agricultor familiar, que não tem outra fonte de renda a não ser o que produz.
“Temos que fortalecer, conseguir aumentar, agregar valor. Estamos tentando alcançar as vilas rurais”, destaca a secretária de Agricultura.
CRESCIMENTO ECONÔMICO
O prefeito de Nova Aliança do Ivaí, Ulisses de Souza (Licinho), aponta o papel do poder público no fortalecimento da agricultura familiar, através de políticas de incentivo e assistência técnica. Sabe que as atividades do campo têm grande importância para a economia do município, por isso investe nesse segmento.
Licinho cita o exemplo da Feira da Mulher Empreendedora, que acontece na primeira sexta-feira de cada mês. Durante um ano e meio, moradoras de Nova Aliança do Ivaí participaram de cursos e se capacitaram, aprenderam a fazer doces, pastéis, alimentos embutidos.
“Investimos na feira e deu muito certo. Vem gente de outras cidades prestigiar.”
Da mesma forma, apoiar a fruticultura é garantir incrementos preciosos para a economia do município. É o que assegura o gerente regional do IDR-PR, ao explicar que a instituição oferece apoio em todas as etapas, desde o preparo do solo até a colheita. “Queremos agregar tudo, fazer o ciclo completo para que o produtor tenha sucesso.”
Levar os agricultores familiares até as cooperativas e as indústrias
Esse compromisso tem reflexos positivos sobre o valor bruto de produção. O VBP, assim chamado, mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária. O cálculo é feito com base nos resultados da agropecuária no campo e nos valores recebidos pelos produtores.
O passo seguinte, complementa José Jaime Lima, é levar os agricultores familiares até as cooperativas e as agroindústrias, para que tenham campo de comercialização, outro assunto discutido durante o encontro técnico desta sexta-feira. O resultado dessa soma é o aumento na arrecadação de impostos para os cofres municipais.
PERSPECTIVAS
A secretária de Agricultura de Nova Aliança do Ivaí destaca que a partir do evento sobre fruticultura será possível conhecer a demanda, estudar o que os agricultores familiares querem e conseguem produzir.
“Vamos trabalhar com eles separadamente. Quer produzir mamão? Vamos trabalhar com mamão. Quer produzir maracujá? Vamos trabalhar com maracujá. Vamos atuar conforme a característica de cada cultura”, completa Bruna Lisboa Moreira.
A intenção da Secretaria de Agricultura é promover eventos técnicos voltados para o fortalecimento da fruticultura anualmente. No caso desta primeira edição, participaram produtores de Nova Aliança do Ivaí, Tamboara, Mirador, Paraíso do Norte e São Carlos do Ivaí.