Cibele Chacon – da redação
As fake news têm sido uma preocupação crescente no contexto da saúde pública, especialmente quando se trata de doenças como a dengue. A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) emitiu um alerta sobre o surto de dengue nas Américas, apontando que este pode ser o pior já registrado. São mais de 800 mortes e 2 milhões de casos confirmados somente no Brasil.
Disseminação de notícias falsas, principalmente quando se trata de um cenário epidemiológico que pede atenção, é extremamente perigoso. Para Elisângela Vandresen Gonçalves, técnica da Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Paranavaí, a disseminação dessas notícias tem prejudicado significativamente o combate à dengue. “Infelizmente, parte da população ainda subestima a doença, não acreditando no seu agravamento. Quando buscam o serviço de saúde, muitas vezes já é tarde demais para reverter o quadro de gravidade”, alerta.
A especialista esclarece que alguns mitos devem ser desfeitos. A ivermectina, remédio antiparasitário, volta novamente a ganhar holofotes como possível solução para combater doenças, dessa vez, a dengue. De acordo com um comunicado do Governo Federal, “a ivermectina também não é eficaz em diminuir a carga viral da dengue. O Ministério da Saúde não reconhece qualquer protocolo que inclua o remédio para o tratamento da doença”.
Da mesma forma, caldo de cana, suco de limão e inhame não são tratamentos adequados para a doença. “É fundamental procurar um serviço de saúde onde profissionais capacitados possam realizar o correto diagnóstico e tratamento precoce”, enfatiza Elisângela.
A técnica da Vigilância Epidemiológica também destaca que, além de medidas como repouso, ingestão de líquidos e não tomar medicamentos por conta própria, é importante adotar práticas de prevenção. Entre outras fake news espalhadas sobre a dengue estão que supostos “repelentes caseiros” podem ajudar na prevenção da picada do mosquito.
“Repelentes, velas de citronela ou andiroba, ao contrário do que muita gente pensa, não têm muito efeito no combate à dengue, pois têm efeito indeterminado e temporário. O mais indicado referente ao uso de repelentes seria optar por produtos liberados e aprovados pela ANVISA. Repelentes caseiros podem conter substâncias que podem causar dados a saúde do indivíduo do que benefícios”, explica Elisângela.
Uma das medidas mais importantes é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando possíveis criadouros, como recipientes com água parada.
Em relação à vacina contra a dengue, que entrou para o Calendário Nacional de Vacinação em 2024, Elisângela informa que a 14ªRS ainda não está contemplada para receber doses. A vacina será inicialmente direcionada para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, sendo essencial continuar com medidas preventivas mesmo com a chegada da vacina.