Maio Verde marca o mês de conscientização sobre o Glaucoma, uma condição que, muitas vezes associada a adultos ou idosos, também pode afetar silenciosamente as crianças. Quando não detectado e tratado a tempo, esse problema ocular pode comprometer significativamente a visão dos mais jovens.
Embora raro, o glaucoma infantil pode ser causado por uma variedade de fatores, como anomalias congênitas no desenvolvimento do sistema de drenagem do olho, traumas, infecções ou condições genéticas. A hereditariedade desempenha um papel crucial, e crianças com histórico familiar de glaucoma estão em maior risco. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma representa 5% dos casos de cegueira em crianças em todo o mundo. Isso implica que, de um total de 1,5 milhão de crianças entre 0 e 7 anos de idade, aproximadamente 75 mil perderam a visão devido a essa condição.
A Dra. Giovanna Marchezine, oftalmopediatra do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), aponta os sintomas como frequentemente sutis e que podem ser facilmente confundidos com problemas oculares menos graves. “Sensibilidade à luz, olhos vermelhos, lacrimejamento excessivo e pupilas dilatadas são sinais que podem passar despercebidos. Às vezes, as crianças podem se queixar de dor ocular ou dor de cabeça, mas esses sintomas também podem ser ignorados”, explica a médica.
O diagnóstico é complexo. Como as crianças ainda estão em fase de desenvolvimento de comunicação para poder descrever seus sintomas com precisão, os médicos dependem de exames oftalmológicos completos. Entre esses exames, destaca-se a tonometria, um procedimento para medir a pressão intraocular.
Existem distintas variantes de glaucoma em crianças, sendo o glaucoma congênito o mais comum. Esse tipo se caracteriza pela manifestação de sinais desde o nascimento ou nos primeiros dois anos de vida, necessitando que pais e pediatras estejam atentos para a busca de avaliação especializada.
No subtipo predominante, conhecido como glaucoma congênito primário, o aumento da pressão intraocular durante o desenvolvimento infantil leva ao aumento do tamanho do globo ocular. “Isso se reflete em sintomas como opacidade da córnea, aumento visível do tamanho do olho, diferença no crescimento entre os olhos e sensibilidade à luz. Essas características diferenciam significativamente o olho afetado e o saudável em crianças dessa faixa etária”, explica a especialista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC).
Outras variantes do glaucoma infantil, como o congênito secundário, podem surgir como consequência de fatores como cirurgias de catarata congênita, uso prolongado de corticoides, traumas oculares ou malformações oculares. No entanto, após essa fase, o glaucoma pode se desenvolver de maneira mais camuflada. Por isso, especialistas recomendam consultas regulares com oftalmologistas, mesmo quando os sintomas não são visíveis, para possibilitar a detecção precoce da doença.
TRATAMENTO E CUIDADOS ESPECIAIS
O tratamento do glaucoma infantil geralmente envolve uma combinação de colírios, cirurgias a laser ou cirurgias convencionais, dependendo da gravidade do caso. A terapia é adaptada a cada criança e requer monitoramento contínuo. Famílias e cuidadores desempenham um papel crucial no sucesso do tratamento, garantindo a adesão às prescrições médicas e comparecendo a consultas regulares. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também destaca a importância do Teste do Olhinho, a ser realizado ainda na maternidade, seguido pela primeira consulta oftalmológica entre 6 meses e um ano de idade.
O glaucoma em crianças é muitas vezes diagnosticado em estágios avançados, quando os danos à visão já ocorreram. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. Tratamentos e intervenções oportunas podem preservar a visão e minimizar os impactos futuros.