Em alusão ao Dia Estadual de Conscientização sobre a Hanseníase, 26 de maio (domingo), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) chama a atenção de toda a população para o enfrentamento da doença, com destaque para a importância do diagnóstico precoce, tratamento e a luta contra o preconceito. O Brasil está em segundo lugar em número de casos de hanseníase, sendo o Paraná o estado da região Sul com maior incidência. Mais de 725 pessoas realizam o tratamento da doença em 2024.
Para marcar a data, instituída pela Lei Estadual nº 17.359 de 2012, a Sesa promove algumas ações de mobilização, como a divulgação do documentário “A Morada de São Roque”, com lançamento oficial no dia 31 de maio, às 14h, na Cinemateca, em Curitiba. O evento é aberto ao público e não há necessidade de agendamento:
A película mostra a história do Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná (HDSPR), situado em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Conhecido como o antigo Leprosário São Roque, iniciou suas atividades em 1926 com a política de internamento compulsório. O hospital-colônia, exclusivo para pacientes portadores da hanseníase, era um dos mais emblemáticos do País.
Na pré-estreia do documentário, exibido para os profissionais de saúde e a comunidade da região, houve ainda a visita guiada ao Museu São Roque (Musar), um espaço dedicado a mostrar a trajetória da doença e da instituição. Dentro da programação foi realizada, ainda, uma ação de avaliação de contatos de pessoas diagnosticadas com hanseníase, que aconteceu no município de Piraquara, no dia 22 de maio.
AÇÕES ESTRATÉGICAS
Além das iniciativas alusivas à data, a Sesa mantém ações estratégicas e permanentes para prevenção, diagnóstico oportuno e tratamento da doença, além do enfrentamento ao estigma e à discriminação. Entre elas, o Telediagnóstico em Dermatologia, operacionalizado pelo Núcleo Estadual de Telessaúde.
As lesões de pele são fotografadas no âmbito das unidades da Atenção Primária à Saúde, com o auxílio do dermatoscópio, equipamento que aumenta a qualidade da imagem e possibilita fazer a análise diferencial de lesões malignas. Elas são avaliadas pelo médico especialista que emite o laudo da imagem em até 72 horas, o que agiliza o diagnóstico e o início do tratamento.
“O tratamento é oferecido gratuitamente pelas unidades de saúde do SUS, mas, se a doença não for tratada, há riscos de transmissão e sequelas que podem levar a incapacidades permanentes”, explica a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes.
Além disso, o HDSPR está reestruturando o setor de reabilitação com a dispensação de órteses e confecção de palmilhas e adaptadores. Recentemente, a unidade firmou parceria com o Instituto Alliance Agaisnt Leprosy que disponibilizará material, insumos e capacitação para a equipe na confecção de palmilhas e adaptadores às pessoas que tem ou tiveram hanseníase.
Após o treinamento dos profissionais envolvidos no atendimento e a entrega do material, o HDSPR espera iniciar os atendimentos no início do mês de junho.
A organização, fundada em 2018, com sede na Capital, é filantrópica e com atuação internacional. O objetivo da instituição é qualificar profissionais de saúde unindo a ciência, educação e filantropia no combate à hanseníase.
Há ainda a busca ativa para detecção precoce dos casos, tratamento; reabilitação; manejo das reações hansênicas e dos pacientes pós-alta; investigação dos contatos de forma a interromper a cadeia de transmissão; formação de grupos de autocuidado e ações adicionais que promovam o enfrentamento do estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.
“O Estado também atua na educação permanente dos profissionais para a identificação precoce de sinais e sintomas, diagnóstico da doença e um cuidado qualificado das pessoas com hanseníase, incluindo a avaliação e prevenção das incapacidades físicas”, reforça Maria Goretti.
O tratamento é realizado exclusivamente pelo SUS e a medicação é fornecida gratuitamente nas unidades de saúde, com duração de seis a 12 meses, podendo ser prorrogado até 18 meses. A transmissão é interrompida ao iniciar a medicação. A hanseníase tem cura e tratamento.
HANSENÍASE
Trata-se de uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais. A hanseníase tem cura desde a década de 1980 e cessa a transmissão assim que iniciado o tratamento.
Veja quais são os sintomas mais comuns (na presença de alguns desses sintomas recomenda-se procurar o serviço de saúde):
– Manchas com perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato
– Formigamentos, agulhadas, câimbras ou dormência em membros inferiores ou superiores
– Diminuição da força muscular, dificuldade para pegar ou segurar objetos, ou manter calçados abertos nos pés
– Nervos engrossados e doloridos, feridas difíceis de curar, principalmente em pés e mãos
– Áreas da pele muito ressecadas, que não suam, com queda de pelos, (especialmente nas sobrancelhas), caroços pelo corpo
– Coceira ou irritação nos olhos
– Entupimento, sangramento ou ferida no nariz.