Gregório José
Ah, meus caros leitores, vivemos tempos fascinantes. No auge do romance moderno, o amor não só é feito de beijos, abraços e jantares à luz de velas, mas também de advogados e cartórios. Sim, estamos falando do fenômeno da década: o “contrato de namoro”.
Imagine só a cena: você está ali, naquele clássico momento de “o que é meu será nosso”, mas, espera aí, antes de pular para o “felizes para sempre”, você precisa se certificar de que tudo está documentado. Nada mais romântico do que um “eu te amo” seguido de “você pode assinar aqui, por favor?”.
O contrato de namoro é a nova moda entre os casais cautelosos. Vamos combinar: nada diz mais “romance do século XXI” do que um documento declarando que vocês, de fato, estão juntos, mas que isso não implica nenhuma comunhão de bens. É como se dissessem: “Eu te amo, mas o meu apartamento fica fora dessa equação”.
Ah, que saudade dos tempos dos nossos avós! Naqueles dias, um aperto de mão e um sorriso eram suficientes para firmar um compromisso eterno. Hoje, parece que o verdadeiro compromisso vem com uma assinatura, uma testemunha e um selo oficial.
Os tempos mudaram, e com eles, os relacionamentos. Passamos pela era da “amizade-colorida”, que permitiu beijos e abraços sem nenhuma cobrança depois. Vieram os “ficantes”, onde a única coisa a ser discutida era o status do WhatsApp e, agora, estamos na era do “contrato de namoro”, onde até mesmo a paixão precisa ser formalizada e carimbada.
Para quem se lembra dos tempos em que uma declaração de amor consistia em uma serenata e um anel de compromisso, o contrato de namoro pode parecer um tanto quanto frio. Um olhar apaixonado e um suspiro eram suficientes para selar “para sempre”. Hoje, o beijo vem acompanhado de um “aqui está meu advogado, vamos resolver isso de forma legal”. Parece exagero? Pode ser. Mas também é uma maneira prática de proteger os bens e evitar futuras disputas sobre quem fica com a poltrona reclinável ou o gato persa.
Vamos ser francos, amarrar o coração a um contrato parece a antítese do romance. Mas, no meio das complexidades modernas, ter tudo preto no branco pode ser reconfortante. Afinal, entre as longas conversas no WhatsApp, vídeos compartilhados de “nudes” e as vidas agitadas, nada como um pouco de clareza para evitar futuros desentendimentos. Não é a fantasia de novela das seis, mas é uma maneira eficiente de proteger o que é seu enquanto você tenta construir algo com outra pessoa. Se a formalidade traz paz ao coração, que assim seja. Mas, se o seu coração ainda prefere a espontaneidade de um amor sem papelada, tudo bem também.
A chave para qualquer relacionamento saudável não está no cartório, mas na confiança e no respeito mútuo. E, como diria um sábio humorista, se o amor é uma piada, que seja ao menos bem contada – com ou sem cláusula de proteção de bens. Boa sorte, Amem com sabedoria e, se necessário, com um bom advogado por perto.
*Gregório José é jornalista/radialista/filósofo, pós-graduado em Gestão Escolar, pós-graduado em Ciências Políticas, pós-graduado em Mediação e Conciliação, MBA em Gestão Pública