REINALDO SILVA
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Desde agosto de 2022, o Noroeste do Paraná erradicou quase 280 mil pés de laranja, limão e tangerina contaminados pelo greening. O avanço da doença sobre os pomares da região motivou grande mobilização dos setores público, privado e produtor, uma verdadeira força-tarefa para conter a ameaça e preservar a citricultura.
O número foi apresentado na tarde desta terça-feira (25) durante reunião técnica com produtores, pesquisadores e lideranças de diferentes municípios. O encontro, no Sindicato Rural de Paranavaí, foi oportunidade para tirar dúvidas, discutir novas estratégias e fortalecer o trabalho de controle da doença.
De acordo com a engenheira agrônoma e consultora Marlene de Fátima Calzavara, até meados de 2022 o índice de plantas contaminadas pelo greening em propriedades da Região Noroeste era considerado aceitável, abaixo de 1%. Em poucos meses, a praga alcançou 10% das árvores; em algumas propriedades, até 20%.
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) estima que, de lá para cá, a doença tenha comprometido entre 25% e 30% dos pomares cítricos.
CAUSAS
Chefe da Divisão de Sanidade da Fruticultura da Adapar, Paulo Jorge Pazin Marques apontou causas para o alto índice de contaminação. A primeira é controversa e gera debates: a presença de plantas sintomáticas com mais de oito anos em áreas comerciais. A legislação permite, mas são potenciais hospedeiras do inseto transmissor.
Outros fatores contribuíram: manutenção de plantas sintomáticas em áreas não comerciais, venda de mudas clandestinas, surgimento de populações de psilídeos resistentes e controle ineficiente do vetor.
A organização dos agentes envolvidos na cadeia citrícola levou a Adapar a liderar ações de conscientização e erradicação das árvores que ameaçavam a sanidade das lavouras. A atuação em parceria com as prefeituras e os produtores levou a equipe técnica a 24 municípios das regiões de Paranavaí, Maringá, Umuarama, Londrina, Apucarana, Cornélio Procópio e Ivaiporã.
O trabalho em áreas rurais e urbanas resultou na emissão de mais de 200 notificações para eliminação de plantas ou apresentação de plano de manejo. Apenas 10% desses casos terminaram com a lavratura de autos de infração.
SOMA DE ESFORÇOS
O presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, Ivo Pierin Junior, avaliou a importância do esforço conjunto para vencer o greening. “É uma atividade vital para nossa região, importante para acelerar o processo de desenvolvimento.” Por isso mesmo, “não dá para deixar para o vizinho fazer, todos têm que se envolver”.
Nesse sentido, Marlene de Fátima Calzavara lembrou que desde março de 2023 produtores, técnicos e agentes políticos se reúnem regularmente para debater o cenário e buscar alternativas para o controle do greening não só nos municípios do Noroeste, mas em todo o estado. Uma das ações foi a estruturação da câmara técnica, que organizou o evento desta terça-feira em Paranavaí.
Em uma nova etapa de trabalho, o grupo deverá discutir formas de reativar a Associação dos Citricultores do Paraná (Acipar), outrora atuante. A ideia é que o setor conte com uma entidade representativa que tenha alcance nas diferentes esferas de governo e possa reivindicar mudanças na legislação e na forma de fiscalização. Mas não só isso, a Acipar também poderá angariar recursos financeiros para dar suporte a atividades de prevenção e controle do greening.