REINALDO SILVA
reinaldo@diariodonoroeste.com.br
O secretário estadual da Saúde, César Neves, afirmou que o Paraná enfrenta a maior epidemia de dengue de todos os tempos. Na última sexta-feira (28 de junho), ele esteve em São João do Caiuá e participou da solenidade de reinauguração do Hospital Municipal Nossa Senhora Aparecida. Na ocasião, concedeu entrevista ao Diário do Noroeste e avaliou com preocupação o avanço da doença em todas as regiões do estado.
De agosto de 2023 até a semana passada, o Paraná somava 526.503 diagnósticos positivos. O crescimento é de 148,26% na comparação com a temporada 2019-20, considerada a mais severa.
O número atual de óbitos também supera em grande escala os registros daquele recorte epidemiológico: se em 2019-20 o estado confirmou 148 mortes por dengue, agora são 473. A elevação é de 219,59%.
A 14ª Regional de Saúde, que compreende os municípios do Noroeste do Paraná, anotou 13.648 casos de dengue e 13 óbitos desde agosto de 2023 até a semana passada.
O principal problema está na falta de ações preventivas eficazes. O secretário estadual da Saúde fez um apelo para a população: que intensifique a limpeza de quintais e elimine todos os potenciais criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
A lista é longa e inclui itens que acumulam água: vasos de plantas, latas, garrafas, pneus, lonas e sacolas plásticas, para citar alguns exemplos. É preciso vedar caixas d’água e cisternas, limpar com frequência os bebedouros de animais e cobrir os ralos do banheiro, da cozinha e do quintal.
Cabe ao poder público orientar os moradores e fiscalizar o cumprimento dessas medidas. Mas não só. Também é fundamental que as equipes municipais limpem terrenos e edificações que pertencem à prefeitura e façam a manutenção das galerias de águas pluviais.
De acordo com César Neves, “a dengue é um problema que infelizmente se renova. Nós temos percebido que o inseto tem tido maior resistência e o perfil epidemiológico está mudando”. Uma das características que chamam a atenção é que há três tipos virais em circulação no Paraná, 1, 2 e 3. De 2020 até meados de 2023 eram apenas 1 e 2.
EM ANDAMENTO
O secretário reforçou que o combate à dengue deve ser contínuo, independentemente de quando começam e terminam os ciclos epidemiológicos (de agosto de um ano a julho seguinte).
Por isso mesmo, os governos federal e estadual instalaram no Paraná duas fábricas da bactéria wolbachia, uma em Londrina e outra em Foz do Iguaçu. A bactéria é inserida em ovos do mosquito em laboratório e criam Aedes aegypti que portam esse microrganismo. Infectados, não são capazes de carregar os vírus que causam dengue, zika, chikungunya ou febre amarela. Além disso, quando se reproduzem, os insetos passam a bactéria para outros.
“Estamos otimistas que no próximo período epidêmico já teremos essa ferramenta para nos ajudar”, estimou o secretário da Saúde.
Paralelamente, o Instituto Butantã, em São Paulo, anunciou maior quantitativo de vacina contra a dengue para 2025. Conforme explicou César Neves, o imunizante terá efeito contra os quatro tipos virais da doença, 1, 2, 3 e 4.