ADÃO RIBEIRO
Da Redação
O juiz Frederico Mendes Júnior, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), será homenageado nesta segunda-feira em Paranavaí. Ele recebe o Título de Cidadão Benemérito concedido pela Câmara de Vereadores. A proponente é a vereadora Maria Clara Gomes. A cerimônia aberta ao público acontece na sede do poder Legislativo, às 19h30.
O homenageado atualmente é juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública de Maringá. É doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá (PPE/UEM), na linha de pesquisa História e Historiografia da Educação; Mestre em Direito Processual e Cidadania na Universidade Paranaense (UNIPAR), com ênfase em Processo Penal. Graduado em Direito na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O juiz Mendes Júnior tem origens e grande círculo de amizades em Paranavaí. Por isso, o Diário do Noroeste publica hoje uma conversa com ele, diálogo via rede social nesta sexta-feira (5).
Veja a seguir:
DN
Fale um pouco da sua vida em Paranavaí, as lembranças, os estudos…
R– Em Paranavaí eu conheci o mundo, eu descobri o que é a vida. E essa primeira percepção da realidade está presente ainda hoje na maneira como encaro o cotidiano. Sou o que sou por ter nascido em Paranavaí, onde aprendi as mais valiosas lições e vivi momentos inesquecíveis, com minha família e amigos. Lembro-me com carinho das aulas na Escola Leonel Franca e no Colégio Nossa Senhora do Carmo – que me instigaram a paixão pelo conhecimento –, da amizade com colegas (que caminham comigo até hoje) e professores. Paranavaí me proporcionou uma base sólida para trilhar a carreira que viria a seguir. Mais do que a formação educacional fundamental, Paranavaí me deu os valores e princípios que tento transmitir aos meus filhos.
DN
Como o senhor recebeu a notícia da homenagem?
R – Recebi a notícia da homenagem com imensa alegria e gratidão. É uma honra ser reconhecido na cidade responsável por tantas lembranças e experiências essenciais da minha existência. Como juiz, sinto-me profundamente honrado e motivado a continuar trabalhando em prol da distribuição de justiça e do bem social. E, além disso, o reconhecimento me orgulha muito, pois é um testemunho do vínculo forte que mantenho com minha terra natal.
DN
O que representa esse título para o senhor?
R – Esse título representa uma homenagem à minha família, a todos os juízes brasileiros, e um estímulo para permanecer firme, sempre adiante, apesar dos percalços e das dificuldades, que atingem a todos. Também encaro a distinção como um reconhecimento do meu trabalho no Sistema de Justiça. A verdade é que ser valorizado pela minha própria comunidade, onde estão minhas raízes, traz uma satisfação excepcional, que se estende a toda a minha família. E quero continuar servindo com integridade e dedicação por muitos e muitos anos.
DN
Faça uma análise da carreira de sucesso que o senhor vem desenvolvendo.
R – A minha carreira na magistratura tem sido marcada pelo compromisso com a ética e pela busca da eficiência, com atenção às leis e às provas dos processos – e com vistas, sempre, à resolução dos conflitos e à proteção dos direitos dos cidadãos. Sou grato pelas oportunidades que tive e pelas pessoas que me inspiraram, muitas daqui da nossa terra, e me apoiaram ao longo do caminho. Na vida não se faz nada sozinho.
DN
Quais os maiores desafios da magistratura?
R– A magistratura enfrenta diversos desafios, como a falta de recursos, a sobrecarga de trabalho, a ameaça à segurança dos magistrados e a desinformação sobre o papel do Judiciário, entre muitos outros. Manter a produtividade e a celeridade nos julgamentos é uma meta contínua, que exige dedicação e resiliência. É imprescindível que a sociedade compreenda a importância da independência do Poder Judiciário e que apoie o trabalho dos magistrados brasileiros.
DN
Nestes dias de amplos debates sobre quase tudo por leigos, como o senhor vê o ordenamento jurídico brasileiro?
R – É muito saudável mantermos um debate público crítico e responsável sobre o ordenamento jurídico brasileiro, mas é necessário que essa discussão seja conduzida com base em informações precisas e sem a disseminação de fake news e de discursos que busquem descredibilizar as instituições. A participação ativa e informada dos cidadãos pode fortalecer e aprimorar a prestação jurisdicional e a democracia.
DN
Existe algo que seja fundamental mudar, aperfeiçoar?
O aperfeiçoamento do Sistema de Justiça deve ser constante. O investimento em tecnologia e a valorização da carreira são algumas das prioridades para garantir um Judiciário mais eficaz e moderno. Também precisamos de medidas de segurança que permitam ao juiz decidir com tranquilidade, sem pressões do poder econômico ou ameaças do crime organizado, por exemplo.
DN
O senhor quer acrescentar algo?
R – Gostaria de agradecer a todos os cidadãos de Paranavaí por essa honrosa homenagem – um presente que levarei eternamente comigo. Gratidão a todos que me apoiaram ao longo da trajetória