Autoridades, representantes de entidades da sociedade civil organizada e outras lideranças participaram nesta segunda-feira (22) de uma caminhada em combate ao feminicídio. A segunda edição da “Caminhada do Meio-Dia” ocorreu em em Paranavaí e em aproximadamente 100 cidades do Paraná para lembrar vítimas de feminicídio e, principalmente, pedir a conscientização e mobilização da sociedade contra o crime.
Nos primeiros três meses deste ano, Paranavaí registrou 135 casos de violência doméstica. No mesmo período de 2023, foram 131 casos. Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Paranavaí, Anderson Donizete dos Santos, ações como esta caminhada destacam a gravidade do cenário para que a sociedade se mobilize. “[Este] é um movimento de extrema importância considerando os números de violência doméstica que as mulheres têm sofrido. Paranavaí tem tido alguns casos de feminicídio nesses últimos anos e é super importante para conscientizar toda a população sobre esse combate à violência doméstica”, considera.
Auxílio às vítimas
De acordo com a advogada e presidente da Comissão de Combate à Violência Doméstica da OAB de Paranavaí, Bruna de Oliveira Andrade, a entidade trabalha em parceria com órgãos policiais e assistenciais para auxiliar vítimas de violência, seja com acolhimento psicológico ou mesmo com encaminhamento a um advogado. “A OAB faz orientações e encaminha para os órgãos competentes. Nós fazemos encaminhamento à Delegacia da Mulher, para que a [vítima] faça a notícia do crime, peça medida protetiva. Também podemos orientá-la a procurar o Núcleo Maria da Penha, que tem os sistemas que envolvem o setor jurídico, o setor social e também a atuação dentro do Poder Judiciário, já que a mulher também tem direito a uma defesa”, explica.
No âmbito do Poder Judiciário, mulheres vítimas de violência também encontram suporte para enfrentar os desafios e começar a se restabelecer, especialmente emocionalmente. A juíza Anacléa Valéria de Oliveira Schwanke, da 2ª Vara Cível e da Fazenda Pública de Paranavaí, destaca a atuação da Central de Medidas Socialmente Úteis (Cemsu), que desenvolve projetos de acolhimento a vítimas desses crimes.
“Primeiramente, quando chega uma medida protetiva, essa mulher pode ser encaminhada para a Cemsu e ela será atendida por uma psicóloga e uma pessoa da área de Direito, que fará uma triagem e vai observar se a vítima precisa do apoio de um advogado”, detalha.
Em um segundo momento, as mulheres podem ter acesso gratuito a cuidados psicológicos com profissionais da área, a partir de uma parceria do Poder Judiciário com instituições de ensino de Paranavaí. “Algumas mulheres precisam, inclusive, entender o olhar da dignidade, da existência, porque às vezes ela está tão maltratada que ela tem um vínculo de dependência emocional, financeira, achando que a vida dela depende de estar com aquela pessoa”, avalia Anacléa.
Além das aplicações práticas para suporte à vítima, a juíza ainda acrescenta que o Poder Judiciário tem passado por treinamentos para que não provoque a revitimização, quando a vítima é novamente exposta a um sofrimento no momento de uma audiência, por exemplo. “O Poder Judiciário e a comunidade de forma geral que estuda o tema têm feito capacitação para que essas pessoas saibam como acolher”.