Cibele Chacon – da redação
A 14ª Regional de Saúde de Paranavaí registrou um total de 407 casos de hepatites virais entre 2014 e 2024. Dentre esses casos, foram identificados nove de hepatite A, 190 de hepatite B e 208 de hepatite C. A distribuição por gênero mostra que 58,5% dos casos ocorreram em homens e 41,5% em mulheres, com a faixa etária mais afetada sendo entre 35 a 64 anos. Nesse período, a região contabilizou 22 mortes decorrentes dessas infecções. Em Paranavaí, especificamente, foram registrados um caso de hepatite A em 2023 e um caso em 2024, além de 86 casos de hepatite B e 132 casos de hepatite C nos últimos dez anos.
A campanha “Julho Amarelo” é fundamental para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das hepatites virais. Instituída no Brasil em 2019 pela Lei nº 13.802, a campanha faz parte de uma iniciativa global estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2010. “O principal objetivo é o diagnóstico precoce da doença e a divulgação das formas de prevenção”, afirma Maria da Penha Francisco, técnica responsável pelas hepatites virais na Vigilância em Saúde.
As hepatites virais são infecções que afetam o fígado e podem causar desde alterações leves até doenças graves. Muitas vezes silenciosas, essas infecções não apresentam sintomas específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando presentes, os sintomas podem incluir cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
A prevenção das hepatites virais varia conforme o tipo. A hepatite A pode ser evitada com a lavagem das mãos, higiene adequada de alimentos, uso de água tratada, evitar contato com águas contaminadas e através da vacinação, que está disponível no calendário infantil e para grupos de risco. Para a hepatite B, a vacinação é a principal medida preventiva e está disponível para todas as idades no Sistema Único de Saúde (SUS). Já a hepatite C não possui vacina; a prevenção inclui o uso de preservativos, não compartilhar objetos pessoais como lâminas de barbear e equipamentos de manicure, e a realização de testes pré-natais.
“A principal forma de prevenção da hepatite B é a vacinação, que está disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade”, explica Maria da Penha.
A transmissão da hepatite A ocorre por via fecal-oral, muitas vezes relacionada a alimentos ou água contaminada e falta de saneamento básico. As hepatites B e C podem ser transmitidas de mãe para filho durante a gestação ou parto, através de relações sexuais desprotegidas e pelo compartilhamento de objetos pessoais contaminados. Em Paranavaí, os testes para hepatites virais podem ser realizados em todas as unidades de saúde e no SINAS – SAE/CTA. Nos outros 27 municípios da região, há profissionais aptos a realizar as testagens.
Os principais desafios enfrentados pela saúde pública em relação às hepatites virais na região incluem a falta de uso de métodos preventivos pela população e a procura tardia por serviços de saúde. “A população não usa os métodos de prevenção e não procura os serviços de saúde para exames de prevenção, só buscam os serviços quando estão sentindo algo. Considerando que as hepatites virais são doenças silenciosas, quando fazem o diagnóstico, ele já não é precoce como é o nosso desejo”, afirma Maria da Penha.
A hepatite B não tem cura, mas o tratamento visa reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, com medicamentos disponíveis pelo SUS, prescritos por infectologistas. A hepatite C apresenta altas taxas de cura, com tratamento realizado por 12 a 24 semanas, e o SUS oferece tratamento para todos os casos diagnosticados. A conscientização e a prevenção são essenciais para combater as hepatites virais. A campanha Julho Amarelo busca alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e da adoção de medidas preventivas, contribuindo para a redução da incidência dessas doenças na região.
Comentários 0