REINALDO SILVA
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O brilho nos olhos não deixa dúvida: ser educador é motivo de orgulho. Há quatro anos, Vander da Silva Gonçalves é instrutor de Robótica no Centro de Atendimento Especial à Criança e ao Adolescente de Paranavaí (Cecap) e faz questão de demonstrar a satisfação que sente pelos projetos que desenvolveu com os alunos, fruto do empenho e da participação de todos. Tem o robô que transita pelo solo de Marte, o vulcão em erupção no meio da cidade, veículos movidos a energia.
Os estudantes têm contato com artefatos do dia a dia. Como a teoria ensinada nas escolas regulares pode ser aplicada na prática? É possível reaproveitar materiais recicláveis e sucata para montar protótipos? De que forma o sistema de eletricidade funciona? A cada oficina, Tio Vander, como é carinhosamente chamado pelos alunos, responde essas e outras perguntas de um jeito simples, que estimula o envolvimento pleno em cada trabalho proposto.
Rose Jacque é a prova incontestável do sucesso da Oficina de Robótica. Ela tem 11 anos, é estudante-bolsista do 5º ano na Escola São Vicente de Paulo. Entre as atividades de contraturno oferecidas pelo Cecap, é ali que se sente mais à vontade. Gosta de criar os próprios carrinhos, de aprender os conceitos de física e matemática e materializá-los. As atividades tornam o raciocínio mais rápido e facilita o aprendizado na escola. Ela conta que graças ao que aprende com Tio Vander, consegue até ajudar os colegas na sala de aula.
Projeção nacional – A dedicação do instrutor de Robótica extrapolou os limites de Paranavaí e chegou às páginas de uma publicação de circulação nacional, a revista Mecatrônica Jovem. Gonçalves foi convidado para escrever um artigo que contasse sobre o trabalho no Cecap. Falou do Rover VL, um veículo capaz de se mover sozinho no solo de Marte, construído com os alunos, que também criaram uma maquete que projeta a superfície do planeta vermelho.
O resultado do texto foi tão positivo, que ele se tornou articulista fixo da revista especializada em ciência e tecnologia. Na segunda edição, tratou do ensino remoto e como a participação da família foi importante para as crianças e os adolescentes durante a pandemia de Covid-19. Nesse período, se baseou na Corrida Maluca, a série de desenho animado produzida pela Hanna-Barbera no final dos anos de 1960, e propôs a criação de carros elétricos. Foram utilizados papelão, garrafas pet, tampas de garrafas, brinquedos velhos, motores de impressoras, led e pilhas, entre outros materiais.
Satisfação – Gonçalves já tem ideias para as próximas edições, publicadas bimestralmente. Até lá, segue com as oficinas e tem certeza de que está contribuindo para tornar possível para cada aluno sonhar com um futuro melhor. “Ser educador é algo que gosto muito. Estou realizando as crianças e vendo que vão além das expectativas. Elas absorvem o conhecimento, compra a ideia e fazem dar certo. É uma emoção pura.”
Conforme depõe em um dos artigos: “Sempre busquei diversas formas de resolver determinados tipos de problemas, sei que não estamos passando por um período fácil, mas somos educadores e precisamos acreditar que podemos mudar, não o mundo, mas se mudarmos apenas o que está ao nosso redor, já terá valido a pena”.
Para a diretora-financeira do Cecap, Líria Balestieri, ver a instituição representada em nível nacional é o reconhecimento de que todo o esforço valeu a pena. Sobre Tio Vander, não economiza elogios e garante: “Ele tem vontade, tem capacidade, busca conhecimento e traz tudo isso para dentro do Cecap”.
Serviço – Os textos de Vander da Silva Gonçalves e os demais artigos da revista podem ser acessados pelo site do Instituto Newton C. Braga (www.newtoncbraga.com.br), criado por um dos mais renomados físicos brasileiros da atualidade, o professor e escritor Newton de Carvalho Braga.