Cibele Chacon
Da redação
A história de Jardel Soares, 44 anos, é marcada por desafios e superação. Há pouco mais de 15 anos, sua companheira decidiu seguir outro caminho, deixando para trás os dois filhos pequenos, Pedro Lucas e Arthur, com apenas quatro e um ano, respectivamente. “Foi muito, muito, muito difícil para nós”, relembra, ao descrever o momento em que precisou lidar com a ausência repentina da mãe de seus filhos.
Sem condições de criar os meninos sozinho na casa onde viviam, ele tomou a difícil decisão de voltar para a casa dos pais. “Foi essencial o apoio dos meus pais e dos meus dois irmãos. Sem eles, eu não teria conseguido criar meus filhos”, afirma. A presença dos avós e dos tios foi fundamental para que Pedro Lucas e Arthur tivessem uma infância mais acolhedora, mesmo na ausência da mãe. A família foi uma rede de suporte que permitiu que Jardel focasse em proporcionar uma vida estável para os filhos.
No início, a aceitação foi uma batalha interna para Jardel. “Eu não entendia direito, parecia um abandono. Mas com o passar do tempo, a gente vai entendendo e aceitando. A vida cria novas rotinas, e Deus me deu a força para cuidar dos meus filhos”, diz. Essa força foi testada inúmeras vezes, mas ele sempre se manteve firme, ciente da importância de sua presença constante na vida dos filhos.
Após um período de adaptação, o pai de Pedro Lucas e Arthur ganhou a guarda definitiva dos meninos. “Decidimos morar nós três juntos. Eu sempre digo que um cuida do outro. Não sou só eu que cuido deles, eles também cuidam de mim”, conta, ressaltando a forte parceria que existe entre ele e os filhos. Essa união se refletia em momentos cotidianos, em que a cumplicidade entre pai e filhos surpreendia os outros frequentadores.
Jardel lembra com carinho da época em que os três frequentavam a academia juntos. “As pessoas achavam que éramos três irmãos, e isso sempre nos fazia rir. A ausência da figura materna foi suprida pela minha mãe, que esteve sempre presente em nossas vidas. Ela foi um pilar importante, especialmente nos momentos em que Pedro Lucas precisou de ajuda psicológica.”
Pedro Lucas passou por um início de depressão infantil após a saída da mãe, mas, com o apoio da avó e o acompanhamento psicológico, conseguiu superar essa fase difícil. Hoje, ele está com 20 anos e cursa Gastronomia, caminhando para se tornar um chef de cozinha. “Tenho muito orgulho dele”, diz Jardel, emocionado. O filho mais velho encontrou na cozinha uma forma de expressar sua criatividade e alcançar a independência.
Já Arthur, que praticamente não lembra da presença da mãe, cresceu ao lado da avó, que desempenhou um papel fundamental em sua criação. Agora, com 16 anos, está no segundo ano do ensino médio e já concluiu um curso de barbeiro. “Ele corta o cabelo dos amigos da escola, se diverte e ainda ganha seu dinheiro”, comenta Jardel, com satisfação.
O contato dos meninos com a mãe é raro, resumindo-se a algumas mensagens em datas especiais, como aniversários. “Ela mora em Minas Gerais agora, mas o contato é mínimo”, explica Jardel. Apesar disso, ele não guarda mágoas e prefere focar na criação dos filhos. “Cuido deles com todo o amor que tenho. Para mim, é um presente de Deus estar com eles e cuidar deles. É maravilhoso.”
A vida de Jardel como pai foi repleta de desafios, mas também de momentos gratificantes. Ele sempre esteve presente nas comemorações escolares dos filhos, tanto no Dia dos Pais quanto no Dia das Mães. “Nunca perdi uma apresentação. Sinto falta dessas celebrações agora que eles cresceram, mas consegui aproveitar cada momento e, para mim, eram momentos mágicos”, relembra.
Agora, Jardel tem um único desejo: ver os filhos se tornarem profissionais bem-sucedidos, honestos e de caráter. “Quero que sejam pessoas boas, pais de família. Quero muito ser avô e que eles cuidem de suas próprias famílias. Isso, para mim, será a maior gratidão no final de tudo.” Ele acredita que, ao ensinar valores sólidos aos filhos, está pavimentando o caminho para que eles enfrentem o mundo com integridade e sucesso.