Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) desenvolveu uma solução inovadora para a área da saúde humana com a função simultânea de identificação dos tipos de sangue de forma rápida, em menos de dois minutos, e de curativo, que protege feridas e lesões na pele. O produto, chamado Blood Aid, foi testado e aprovado, e nos próximos meses passará pela etapa de aprimoramento.
A identificação sanguínea é importante para que determinados tratamentos médicos sejam seguros e eficazes, principalmente quando envolvem transfusões e transplantes. Geralmente, a tipagem é realizada para determinar os grupos sanguíneos, classificados em A, B, AB e O, e o fator Rh, que pode ser em positivo ou negativo, somando oito tipos sanguíneos: A+, A-, B+, B-, AB+, AB-, O+ e O-.
A pesquisa que resultou nesse curativo inovador ocorreu em quatro etapas, incluindo a escolha do material para tipagem sanguínea, o método de teste com a aplicação de reagentes e as condições para os procedimentos laboratoriais, como a quantidade de sangue (uma gota) e o tempo de reação. Na fase final foram realizados testes práticos com os diferentes tipos de sangue humano.
Passadas essas etapas, o produto foi inserido em um kit que contém insumos e acessórios em material descartável para até três aplicações, acondicionados em um estojo semelhante aos produtos comercializados para verificação domiciliar individual de glicose no sangue. O conjunto é composto por duas lâminas de vidro, três curativos, três frascos com solução líquida, uma pinça e pipetas, que são instrumentos de laboratório para medir volumes líquidos.
O professor Gerson Nakazato, chefe do Departamento de Microbiologia e membro do grupo de pesquisadores do Blood Aid, destaca a importância de incentivo para o desenvolvimento científico e tecnológico. “O apoio contínuo e o financiamento adequado são essenciais para impulsionar a pesquisa e permitir novas descobertas científicas, pois esse suporte é importante para realizar estudos avançados e gerar novas tecnologias que beneficiam toda a sociedade”, afirma.
Com o apoio da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL, o registro de patente do Blood Aid foi submetido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), autarquia federal responsável pela gestão e proteção dos direitos de propriedade intelectual no Brasil.
INOVAÇÃO – Entre as vantagens da solução inovadora desenvolvida na UEL, em relação ao teste padrão de identificação de grupos sanguíneos, o Blood Aid dispensa o acondicionamento refrigerado do material coletado. Já o tempo do resultado, em comparação com os métodos laboratoriais convencionais, confirma o potencial do produto para a utilização em áreas remotas e atendimentos de urgência, entre outras situações que demandem rapidez na assistência médica, a exemplo de uma transfusão de sangue imediata.
Em laboratórios de análises clínicas, o exame padrão para detectar o tipo sanguíneo é feito por meio da coleta de uma pequena quantidade de sangue. Esse material é separado em uma centrífuga, em partes: glóbulos vermelhos ou hemácias, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. A centrífuga gira o espaço de acondicionamento das amostras em alta velocidade, separando os componentes das amostras de sangue.
Na sequência, são analisadas as hemácias em um tubo de ensaio ou placa especial com soros (anticorpos) contra vários antígenos, que são substâncias estranhas ao organismo humano, que desencadeiam a produção de anticorpos. A partir da reação entre a hemácia e o soro com anticorpos, acontece a identificação do tipo sanguíneo do paciente.
O método desenvolvido na UEL otimiza esse processo, dispensa equipamentos como a centrífuga e o curativo pode ser levado sem refrigeração para as mais variadas localidades.