REINALDO SILVA
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Os preços da carne bovina continuam subindo no mercado varejista. Um levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), mostra que em novembro pelo menos 11 cortes ficaram mais caros na comparação com o mesmo período de 2020. Para se ter uma ideia, o filé mignon apresentou variação de 27%, o coxão-mole teve alta de 23% e a paleta e a carne moída de segunda aumentaram 21%. Também apresentaram acréscimo: costela (19%), carne moída de primeira (18%), patinho (15%), contrafilé (14%), peito (9%), acém (7%) e alcatra (2%).
As médias estaduais foram empurradas principalmente pela retração na oferta do produto, devido à estiagem que compromete as pastagens e atrasa a engorda da boiada a campo, explica o médico veterinário Fábio Mezzadri, analista de pecuária do Deral. Os preços do boi gordo pagos aos produtores, que apresentaram queda no último trimestre, voltaram a reagir. Em novembro, a média estadual da arroba foi R$ 287,03, passando para R$ 310,59 na última sexta-feira, 3 de dezembro. A arroba da vaca foi de R$ 268,15 para R$ 288,01.
Mezzadri destaca que, apesar dos altos custos, os pecuaristas que fazem o ciclo completo estão alcançando boa remuneração. Já os produtores que compram animais para recriar e engordar têm margens apertadas. “As categorias que chamamos de reposição estão com preços bastante elevados.” A alimentação dos rebanhos subiu de forma significativa por causa dos valores ascendentes do milho e da soja.
Outra possível razão para as altas cotações é a sinalização da volta das exportações para a China, que pode acontecer no final de janeiro de 2022, com a chegada do Ano Novo Chinês. A demanda gerada pela retomada das vendas de carne bovina brasileira ao país asiático deverá sustentar os preços em patamares mais altos, diz o analista de pecuária do Deral.
O embarque da produção nacional foi suspenso depois da confirmação, no dia 4 de setembro, de casos da doença conhecida como vaca louca em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Somente no final de novembro as autoridades chinesas liberaram a retomada da importação, desde que a certificação seja anterior à data das notificações, ou seja, até 3 de setembro.
Fim de ano – De acordo com Mezzadri, a chegada de dezembro traz a perspectiva de maior procura por carne bovina no mercado interno. “Geralmente a demanda aumenta e os preços sobem”, aponta, referindo-se a festas, confraternizações e reuniões típicas do final de ano. “Além disso, com a liberação de eventos, a população vacinada [contra a Covid-19] deve aumentar o consumo.”
O médico veterinário diz que ainda é cedo para falar em redução de preços. “Ainda não sabemos como ficará o comércio com a China, e isso é decisivo no comportamento do mercado e cotações”, avalia. Além disso, diz Mezzadri, é preciso considerar as questões climáticas: quanto maior for o tempo de estiagem, mais difícil será a produção de animais.
Estiagem – A confirmação do fenômeno meteorológico La Niña põe em alerta os pecuaristas, por causa da escassez de chuvas regulares. Normalmente, a temporada de primavera e verão é marcada por volumes significativos de precipitação, mas o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial interfere diretamente nos sistemas de chuva na América do Sul e dezembro pode ser marcado por chuvas insuficientes.
A seca tem comprometido as atividades agropecuárias no Paraná desde meados de 2019, com breves intervalos de chuvas mais volumosas e regulares, principalmente entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Os meses seguintes tiveram índices abaixo da média histórica.