ALEXANDRE ARAUJO E BRUNO BRAZ
DA UOL/FOLHAPRESS
Pedrinho conseguiu retomar o controle da SAF das mãos da 777 Partners, mas garante ainda estar sofrendo os reflexos do que a empresa deixou para trás após entrar em processo de falência. Na “herança maldita” estão a folha salarial superfaturada e dívidas que ultrapassam os R$ 170 milhões oriundas de contratações, luvas e comissões de empresários que não foram pagas por completo pela antiga sócia da Sociedade Anônima de Futebol.
“Tem vários imbróglios que vão surgindo de uma forma ruim em relação à A-CAP e à 777. Muita coisa pode acontecer ainda. Para deixar claro, eu queria que o sócio antigo tivesse dado certo. Eu não tirei a 777, ela faliu. Ela descumpriu acordos contratuais e faliu. A minha intenção foi antes do Vasco quebrar. Eu não tirei, intervi. A responsabilidade agora é minha. Encontrei um cenário totalmente diferente. Temos uma dívida praticamente de R$ 170 milhões”, revelou Pedrinho, em sorteio da Copa do Brasil na CBF.
O clube tem encontrado dificuldade em negociar jogadores com rendimento abaixo da expectativa por conta dos vencimentos elevados. Os interessados até sondam a situação, mas recuam quando descobrem os valores, considerados “salgados” até mesmo para assumir um compromisso de pagamento de apenas 50% dos salários.
O caso do atacante Clayton, por exemplo, chegou a se enquadrar nesta questão. O Casa Pia (POR) demonstrou interesse em seu retorno, mas se assustou quando soube quanto o jogador ganhava no Vasco algo em torno de 7,5 vezes mais do que os portugueses pagavam. No fim, o Cruzmaltino acabou emprestando ao Rio Ave, também de Portugal.
David também será outro que irá gerar um alto custo muito em breve ao Vasco. Os antigos diretores aceitaram uma cláusula que obriga o clube a comprar 65% dos direitos econômicos por 2,8 milhões de euros (cerca de R$ 17 milhões) ao Internacional caso o atacante atinja 60% dos jogos na temporada. Com um viés de alta e um golaço feito na rodada passada contra o Criciúma, a tendência é a de que o jogador alcance tal percentual em pouco tempo. Inclusive, há quem já veja a situação como certa e torça para que David deslanche e o Cruzmaltino consiga uma revenda futuramente.
Apesar das dificuldades, a “barca” vascaína tem aumentado. Depois de rescindir amigavelmente com Medel, que foi para o Boca Juniors (ARG), o clube rescindiu com o volante Rodrigo, liberou o meia Praxedes para o Athletico-PR e emprestou o volante Zé Gabriel para o Coritiba. O chileno Galdames está entre os negociáveis, mas é outro que esbarra em seus altos vencimentos.
“Para você aliviar a folha é muito difícil. Nós estamos falando de jogadores que ganham R$ 480 mil e nem relacionados são, e aí como que você faz essa negociação? Como que você dilui isso? Qual time que tem condição de pagar metade disso? Então assim, é lógico que a gente conseguiu esvaziar um pouquinho a folha, mas muito aquém do que você diluí-la com o pagamento integral desses atletas, onde teríamos, de repente uma brecha na folha de R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão. É muito distante disso”, explicou Pedrinho.
Nova SAF
Paralelamente, o Vasco ouve potenciais interessados em adquirir a SAF do clube. Pedrinho, porém, costuma dizer que o assunto é tratado com responsabilidade para que o Cruzmaltino não viva a mesma situação que viveu com a 777 Partners.
O presidente, inclusive, negou o interesse de um fundo da Arábia Saudita na SAF. E disse que ainda estão sendo feitas pesquisas:
“Venda para fundo árabe é mentira. Com fundo árabe, nunca teve. Ninguém da minha gestão foi consultado sobre isso. Não tem fundo árabe. Tem alguns interessados. Mas é uma conversa muito complexa. Tenho uma responsabilidade enorme para não errar como erraram anteriormente. Não é nada imediato, não é nada concreto. São avaliações, pesquisas, procuras, mas superficiais.”