REINALDO SILVA / Da Redação
César Alexandre dos Santos chega ao Diário do Noroeste para uma entrevista aos jornalistas Adão Ribeiro, Monique Manganaro e Reinaldo Silva.
Candidato a prefeito de Paranavaí pelo PT, César Alexandre utiliza os 45 minutos de conversa com a equipe do DN para apresentar propostas e dizer como será a administração municipal caso seja eleito.
O postulante ao Palácio Ivaí integra a coligação Para Cuidar Bem da Cidade e das Pessoas, tendo como candidato a vice-prefeito o advogado Antônio Homero Madruga Chaves (PDT), o Doutor Homero.
Formado em Ciências Contábeis, História e Ciências Sociais, com mestrado e doutorado na área de Ciências Sociais, César Alexandre foi funcionário de carreira da Copel por 34 anos, tendo se aposentado em 2022.
Durante a conversa com a equipe do DN, falou sobre política, infraestrutura, assistência social, educação, desenvolvimento econômico, segurança e políticas para mulheres.
O vídeo completo está disponível no canal do Diário do Noroeste no You Tube. Confira:
SAÚDE
César Alexandre é taxativo: Paranavaí precisa de um hospital municipal. “As pessoas estão sendo tratadas com desumanidade, não por culpa dos servidores, mas porque não tem uma estrutura hospitalar.”
Ele se refere à demanda absorvida pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que não é equipada para internações, mesmo assim, há pacientes que chegam a ficar dias, semanas sobre a maca aguardando vaga na Santa Casa de Paranavaí.
O hospital municipal não pode ser considerado uma fonte de gastos, percepção comum para quem atua no setor privado. A preocupação não deve ser a geração de receitas, o lucro, mas o atendimento à população, argumenta o candidato.
Ainda no âmbito da saúde, outra questão salta aos olhos, a das especialidades. A fila de espera pode se estender por meses desde a atenção primária até a cirurgia, a depender do caso.
Na visão de César Alexandre, essa demora existe porque a prefeitura não compra serviços suficientes para atender a população. O caminho indicado pelo petista é organizar mutirões de atendimento.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Transitando entre demandas da saúde e da assistência social estão as pessoas em condição de vulnerabilidade social, especialmente nos casos em que a situação de rua vem acompanhada do consumo de drogas.
César Alexandre destaca: “Ou se faz um trabalho sério de acolhimento, de tentativa de resgate, ou acho que não vai conseguir avançar”.
A longo prazo, é fundamental agir preventivamente. “Precisamos criar alternativas de trabalho para as pessoas, alternativas de esporte e lazer nos bairros, especialmente nos bairros, escolinhas, de treinamento, para tirar essa criançada da rua, porque as crianças também acabam sendo vítimas desse processo. Acabam indo para a drogadição por falta de opção.”
SEGURANÇA
Falar sobre a segurança da mulher é fundamental. Para dar uma ideia do tamanho do problema, no primeiro trimestre deste ano Paranavaí registrou 135 casos de violência doméstica, quatro a mais que no mesmo período de 2023. Esse foi um dos temas centrais durante as discussões para elaborar o plano de governo de César Alexandre.
Além de criar um destacamento específico para atender a essas vítimas, é preciso fortalecer a rede de apoio e amparo, inclusive instalando um abrigo para as mulheres em situação de vulnerabilidade.
Sobre a Delegacia da Mulher, concorda com a ideia de que seja comandada preferencialmente por uma mulher, e não por um homem, como é atualmente em Paranavaí. Sem culpar individualmente os delegados, questiona a estrutura machista da sociedade e pontua como essencial que as vítimas de violência doméstica sejam atendidas por mulheres.
EDUCAÇÃO
No quesito educação, o postulante do PT à prefeitura de Paranavaí é rigoroso e aponta problemas estruturais sérios nas escolas. “Não dá pra você aceitar uma escola sem ar-condicionado. E tem escolas aí que estão com ar-condicionado montado há 10 anos, e não consegue ligar por causa do padrão de energia.”
Esse e outros investimentos são necessários também para ampliar o atendimento aos alunos em tempo integral. César Alexandre avalia a necessidade de buscar junto ao governo federal recursos para garantir que todas as escolas de Paranavaí adotem tal modelo de ensino. No quadro atual, diz o candidato, há escolas com atividades extras no contraturno. As atividades lúdicas levam ao aperfeiçoamento do ensino, mas o foco é a educação.
O recente desempenho de Paranavaí nas provas que medem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), figurando entre os melhores do Paraná, “demonstra que, de fato, estamos no caminho certo no que diz respeito à questão pedagógica.” Mas é imprescindível olhar além: “Onde pode melhorar? Primeiro na valorização, porque uma nota do Ideb como essa merece valorização parecida. E a gente observa que em alguns aspectos não tem ocorrido isso, especialmente na carreira salarial dos professores”.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
César Alexandre defende uma ampla mudança no modelo de desenvolvimento de Paranavaí, com o foco na atração de grandes empresas, geração de emprego e promoção de condições para a cidade crescer.
Considera que há excesso de atenção voltada ao agronegócio, que é importante, mas não único.
Cita o exemplo de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, com 91.836 habitantes, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Lá, em média, cada trabalhador registrado ganha R$ 53 mil anualmente, em torno de R$ 4.500 por mês. Em Paranavaí, a média anual é de R$ 35 mil, menos de R$ 3 mil por mês.
Pato Branco conta com um parque tecnológico muito organizado e reúne pequenas empresas que trabalham com a fabricação de máquinas e materiais elétricos. Ao agregar valor, a renda do trabalhador aumenta e o dinheiro é investido na própria cidade.
Para obter esse resultado também em Paranavaí, cumpre à administração municipal criar políticas fiscais de atração de investimentos. Uma sugestão é firmar parcerias com as instituições de ensino superior, a fim de que formem mão de obra qualificada e contribuam com o desenvolvimento.
POLÍTICA
César Alexandre sabe que o PT tem índice de rejeição significativo, resultado, sobretudo, das campanhas contra os governos petistas: Luiz Inácio Lula da Silva (2003-06 e 2007-10) e Dilma Rousseff (2011-14 e 2015-16).
“É evidente que o eleitor tem suas preferências partidárias. Ao mesmo tempo em que a gente diz que o PT tem resistência, o presidente Lula teve aqui perto de 36%, 37% no segundo turno [das eleições de 2022], o que representa um número considerável.”
Independentemente do resultado das urnas no pleito presidencial, esta é, na avaliação do candidato, a oportunidade para ter uma gestão alinhada ao governo federal.
Ele lembra que de 2009 a 2016, os recursos chegaram a R$ 185 milhões. “Só no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], algo em torno de R$ 100 milhões, fora a construção de creches e escolas.” A retomada dessa parceria é a grande aposta do candidato petista.
“Minha ideia de ser prefeito não é um sonho meu, não tenho essa vaidade. Quero ser prefeito porque quero muda a vida da minha gente.”
O candidato conclui: “Essas são as razões que me levam a disputar a eleição e pedir o voto do eleitor, o voto no 13”.