MONIQUE MANGANARO – Da Redação
“Difícil mesmo é a rotina que você tem com o cigarro. A rotina é pior que o vício em si. Não foi fácil.” O desabafo é de Nereide Cristina Rodrigues Guabiraba, de 45 anos, tabagista há 30 e que, neste ano, começou o processo para superar o vício.
Neste 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, a moradora do Conjunto Flávio Ettore Giovine, em Paranavaí, comemora quatro meses sem fumar e o início de uma vida mais saudável, já colhendo os frutos da recente conquista. “Eu consigo sentir o gosto da comida, respirar melhor, dormir melhor. Consigo sentir o cheiro das coisas, que antes eu não sentia. Estou muito feliz por conseguir vencer essa batalha contra mim mesma”, celebra.
Até abril deste ano, Nereide era um dos milhões de brasileiros que informaram ser fumantes no país. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), obtidos a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o percentual total de adultos fumantes em 2019 era 12,6%.
O número é considerado preocupante para as autoridades de saúde. Isso porque o Brasil ainda registra aproximadamente 160 mil mortes anuais atribuíveis ao uso de tabaco, segundo o Ministério da Saúde.
Explicando
A médica Ingrid Catiste Fazolin explica que o tabagismo é uma doença crônica que eleva o risco de desenvolver mais de 60 tipos de doenças diferentes.
“O tabaco está relacionado com tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrointestinal, disfunção erétil, infertilidade, osteoporose, catarata, entre outras condições”, alerta.
De acordo com Ingrid, quando o fumante consegue abandonar o vício, os benefícios começam quase imediatamente. Após cerca de 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal, e depois de duas horas não há mais nicotina circulando no sangue. Em até 24 horas, os pulmões voltam a funcionar melhor e após 3 semanas a respiração se torna mais fácil. Passado um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade, segundo a médica.
Procurar ajuda é fundamental
A médica destaca que fumar é a principal causa do câncer de pulmão e da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). “A decisão de parar de fumar é um passo importante para a saúde. Procurar ajuda médica é fundamental para conduzir um programa eficaz de abandono do cigarro”, diz.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem deseja abandonar o vício. O programa, realizado também em Paranavaí, foi justamente o que auxiliou Nereide Guabiraba a parar de fumar.
A coordenadora do CAPS AD e do programa de combate ao tabagismo do município, Giselli Pasqualetto Oliveira, explica que o tratamento é desenvolvido em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e oferece acompanhamento de saúde durante um ano.
Uma vez inserido, o paciente pode receber indicação de medicamentos que auxiliem no processo e passa a ser submetido a consultas médicas mensais para verificar a progressão do processo. “Os medicamentos prescritos pelo médico da UBS são retirados na farmácia municipal e entregues ao paciente de forma fracionada pela própria equipe de saúde que o atendeu”.
Apesar do auxílio medicamentoso, a Secretaria de Saúde reforça a necessidade da mudança de hábitos por parte do paciente para não haver recaídas. Para Nereide Guabiraba, a saída foi buscar alternativas para preencher o tempo que passava fumando. “Fui ler, jogar paciência, etc. Hoje, para mim, o processo valeu a pena. Se eu soubesse, eu tinha parado de fumar antes”, ressalta.
Para ingressar no programa de combate ao tabagismo, a Prefeitura de Paranavaí indica que o morador deve procurar a UBS mais próxima do local onde mora e informar o interesse. Em seguida, as equipes da unidade devem entrar em contato para iniciar o tratamento, que pode ser individual ou em grupo.