REINALDO SILVA
Da Redação
A Federação das Apaes do Paraná (Feapaes-PR) assumiu temporariamente a direção da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Paranavaí. Durante o período de intervenção, uma equipe avaliará denúncias apresentadas pela comunidade, que incluem redução de serviços, contratação de profissionais sem as devidas qualificações e gestão não democrática.
Na tarde desta quinta-feira (29), mães e pais de alunos organizaram uma manifestação na frente da Apae de Paranavaí e cobraram respostas da Feapaes-PR.
Ao Diário do Noroeste, contaram que os filhos deixaram de participar das sessões de equoterapia, um método terapêutico que utiliza cavalos dentro de uma abordagem multidisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial.
A mudança frequente da equipe da Apae também apareceu como queixa. Segundo mães e pais, os últimos anos foram marcados pela demissão de pessoas capacitadas e com fortes vínculos com os estudantes. As novas admissões, de difícil adaptação para muitas crianças, comprometeu o desenvolvimento psicomotor delas.
Outra reclamação diz respeito às decisões da diretoria, classificada como antidemocráticas. Antes, as reuniões com os familiares eram realizadas pelo menos quatro vezes ao ano. Neste ano, houve apenas uma.
A lista segue com a desconfiança de algumas mães quanto ao uso das chamadas cadeiras de contenção sem autorização. O equipamento é um recurso para situações de crises violentas e ajudam a proteger as crianças, desde que seja anteriormente acordado com os pais ou responsáveis legais.
INTERVENÇÃO
A movimentação da comunidade em contrariedade à situação teria motivado a renúncia da então presidente da Apae de Paranavaí, Evelyn Barão. A decisão foi anunciada na noite de quarta-feira (28), um dia antes da chegada do presidente da Feapaes-PR, Alexandre Augusto Botareli Cesar.
Ele informou que a intervenção se estenderá até que todas as denúncias sejam apuradas, o que pode levar meses. “O que nós queremos? Melhorar a questão do ambiente, retomar a visão que a comunidade tinha da Apae. [A equipe] fica aqui até a comunidade entender que a Apae funciona com transparência.”
Botareli Cesar garantiu que todas as movimentações financeiras estão documentadas, portanto, a princípio, não há qualquer indício de irregularidades nesse sentido. Quanto à eleição, contestada por mães e pais, ele garantiu que o edital de convocação foi publicado e que a ata do pleito comprova que todos os requisitos legais foram cumpridos.
A questão a ser avaliada é o formato adotado para a escolha da diretoria. “Vi que não teve eleição da forma que deveria ser a última, nem a penúltima, nem a antepenúltima.” Há detalhes a serem analisados, disse. “Os pais, pelo que entendi, pelo número de pessoas que participaram da assembleia, eles não foram devidamente chamados.”
Mãe de um menino que estuda na Apae de Paranavaí há três anos, Natália Lourenço de Mendonça cobrou: “Estamos em uma democracia. Se existe estatuto deve ser seguido”. Ela quer novas eleições para a diretoria.
Sobre o uso da cadeira de contenção sem o consentimento familiar, o presidente da Feapaes afirmou: “Uma coisa que a gente detectou, os professores, funcionários não fizeram um treinamento aqui de contenção, de contingenciamento. Então, pra mim, fica complicado eu penalizar um professor que está fazendo errado se ele não foi treinado”.
No fim da tarde, Botareli Cesar conversou com representantes do grupo de manifestantes que estavam na frente da Apare. Explicou detalhes da intervenção e informou que na próxima quarta-feira se reunirá com mães e pais de alunos para levantar detalhadamente a situação e garantir a qualidade do atendimento aos quase 350 alunos.
O Diário do Noroeste entrou em contato com a ex-presidente e aguarda retorno. O espaço para se pronunciar fica aberto.